I SÉRIE — NÚMERO 29
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Devíamos, sim, como aqui foi referido, ter, em Portugal, uma Garantia Jovem mas, em vez disso, temos
apenas a garantia de que este Governo assiste inoperante aos números do desemprego jovem e
entusiasmado à emigração dos jovens portugueses.
Sr.as
e Srs. Deputados, este agendamento é, de facto, uma eloquente confissão do fracasso da maioria
nesta área e uma sugestiva caricatura da linha política seguida pelo Governo nos últimos três anos — a
tragédia existe mas isso não é nada com o Governo.
Ouvir a maioria propagandear políticas de juventude e solidariedade intergeracional num País que, ao fim
de três anos de Governo da mesma maioria, tem um saldo migratório negativo, um saldo natural negativo e
um desemprego real à volta de 1 milhão de pessoas, das duas uma: ou é a conversa bipolar do costume, ou é
aquilo que é mais provável que seja: um inútil elogio às medidas de cosmética, que já não convencem
ninguém em Portugal!
Aplausos do PS.
Das considerações desta resolução fica claro e notório que a maioria não agendou este debate para falar
de soluções, para, por exemplo, falar da redução do período dos estágios profissionais de 12 para nove
meses, ou para, por exemplo, tratar com seriedade o combate à precariedade ou ainda, a barreira dos dois
anos de experiência profissional no acesso ao primeiro emprego.
Não, não vieram a este debate para resolver problemas, nem para falar dos reais problemas dos jovens
portugueses! Na verdade, e com toda a sinceridade, também já ninguém espera isso da maioria, já ninguém
espera que aqueles que aplicaram a receita da austeridade «custe o que custar», aqueles que destruíram
mais de 250 000 postos de trabalho e aqueles que empurraram para fora do País mais de 350 000 pessoas
venham agora apresentar-se na condição de propor resolver seja o que for.
Mas se ninguém esperaria hoje um debate de soluções desta maioria, como de resto esta resolução
comprova, era legítimo, ainda assim, esperar que a maioria aproveitasse este momento, esta oportunidade
para se retratar do facto de ter feito dos jovens portugueses os principais alvos da austeridade e, não
satisfeitos ainda, de os ter mandado seguir caminho além-fronteiras!
Sr.as
e Srs. Deputados, falar de juventude e de solidariedade intergeracional pressupõe um novo modelo de
desenvolvimento e uma nova geração de políticas de juventude que salvaguarde a coesão social e que
governe sem cismas, valorizando as pessoas e respeitando os seus direitos.
O Partido Socialista foi, de resto, muito claro sobre políticas de juventude ao longo destes últimos três
anos, aqui, no Parlamento:
Como aqui já foi referido, apresentámos a Garantia Jovem em 2012, que esta maioria chumbou e que,
depois de ter levado a chancela da Comissão Europeia, lá reconheceu que era, afinal, uma boa ideia.
Apresentámos um projeto de lei para dar voz aos jovens portugueses na concertação social e para, de uma
vez por todas, os jovens passarem a ser parte da solução e não parte do problema, como foram sempre com
esta maioria.
Apresentámos também legislação sobre financiamento colaborativo, para dar novas oportunidades de
financiamento alternativas à banca às ideias de negócio dos jovens portugueses, entre outras medidas.
Fizemos aquilo em que continuaremos a apostar. Fizemos aquilo que continuaremos a fazer com a agenda
para a década, uma nova geração de políticas de juventude assente num compromisso e numa estratégia de
valorização e de dignificação do trabalho, combatendo salários indignos, o emprego permanentemente
temporário e as condições desprovidas de qualquer segurança social que muitos jovens enfrentam no seu
primeiro emprego neste País.
Apesar de haver uma nova garantia europeia para os jovens, este Governo já demonstrou que não está
capaz de garantir nada aos jovens portugueses, este Governo e a maioria já demonstraram e comprovaram
que não estão capazes de mobilizar as gerações de portugueses que, ao contrário do Governo, não veem no
modelo de empobrecimento o futuro de Portugal.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Duarte Marques.