22 DE JANEIRO DE 2015
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Está em causa a garantia de que a TAP, depois deste processo, ou mesmo já, não seja vendida a um
fundo abutre e, depois, canibalizada, descapitalizada e vendida a quem aparecer, como aconteceu com a PT.
Que garantia é que dá de que isto não aconteça? Não é hoje, nem amanhã, nem daqui a 10 anos, é para
sempre, enquanto as gerações portuguesas continuarem a querer ver na TAP um instrumento essencial à sua
economia e democracia.
Sr.ª Presidente, termino dizendo ao Sr. Secretário de Estado que sai muito mais caro ao País a privatização
da TAP e o potencial de perdas futuras do controlo democrático sobre a TAP do que qualquer investimento
público que seja necessário fazer na nossa empresa de bandeira nacional com sede em Portugal.
A União Europeia não é uma desculpa e já foi desmentida várias vezes. Podem persistir em tapar os olhos
relativamente a esta questão, mas uma coisa sabemos: vão encontrar uma oposição crescente de um
conjunto de cidadãos e de uma sociedade civil que não se revê neste radicalismo privatizador e liberal deste
Governo — aliás, Governo este que não vê outra solução que não a de privatizar todas as empresas
essenciais para a democracia.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, pelo PSD, tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Filipe Matias.
O Sr. Nuno Filipe Matias (PSD): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, Srs. Secretários de Estado: A TAP é
uma companhia de bandeira, uma referência de Portugal, uma referência no setor da aviação, pela sua
qualidade, excelência e segurança. É uma companhia de bandeira de Portugal e é um orgulho para todos os
portugueses.
No entanto, também é verdade que é uma companhia que tem capitais próprios negativos e que precisa de
investimento, de atenção e de um plano estratégico de desenvolvimento. Até aqui, pensamos nós, estamos
todos de acordo. Queremos uma TAP mais forte, mais competitiva, que invista e que crie valor. Esta é a
melhor defesa dos trabalhadores, esta é a melhor defesa da sua operação. É assim que se define e
salvaguarda o serviço público.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Nuno Filipe Matias (PSD): — Srs. Deputados, o que nos divide é a forma como se pode concretizar
isto mesmo.
A oposição entende que a TAP pública garante este objetivo, mas nós temos a certeza de que não e os
exemplos paradigmáticos da Sabena, da Varig e, ainda há pouco tempo, das linhas aéreas do Chipre
demonstram isso mesmo, pois o facto de serem públicas não foi garantia de coisa alguma e, infelizmente,
essas companhias não resistiram para demonstrar que essa não era a solução.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Os senhores não sabem governar de outra maneira, não é?
O Sr. Nuno Filipe Matias (PSD): — A oposição decide, teimosamente, defender que o facto de termos
uma TAP pública é uma salvaguarda e era possível a recapitalização, mas esquecem-se de uma informação
vital: a reestruturação, face a uma recapitalização pública, exigiria despedimentos, venda de ativos,
reformulação e redução de rotas. Pensamos que nenhum de nós quer isso, que os trabalhadores não querem
isso e o que queremos é uma TAP mais forte.
O Sr. João Oliveira (PCP): — O senhor devia apanhar um avião da TAP daqui para fora!
O Sr. Nuno Filipe Matias (PSD): — Se os Srs. Deputados entendem que a recapitalização é possível,
falem do que se passou na Alitália e nas Linhas Aéreas Escandinavas. E uma vez que dizem que a TAP — e
nós concordamos — é uma companhia de bandeira, expliquem se a Lufthansa não é uma companhia de
bandeira da Alemanha,…