22 DE JANEIRO DE 2015
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A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Teresa Anjinho:
Acho que a Sr.ª Deputada é que centrou a adoção nos adotantes, peço desculpa, ou, então, fui eu que percebi
mal. É que a Sr.ª Deputada rege o seu pensamento sobre o instituto em função dos adotantes e da sua
orientação sexual.
A Sr.ª Teresa Anjinho (CDS-PP): — Percebeu mal!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Julgo que não percebi mal.
Na realidade, a Sr.ª Deputada não chegou aqui e disse à Câmara: «Julgo que os casais heterossexuais
devem poder adotar e, apesar de ter lido o artigo 13.º, os casais homossexuais não devem poder adotar».
A Sr.ª Teresa Anjinho (CDS-PP): — Acho que ouviu mal!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Mas o facto de a Sr.ª Deputada não o ter dito, na minha
perspetiva, já é um sinal: os senhores têm vergonha de assumir a discriminação que ainda vos vai na cabeça,
e este é um sinal importante.
Aplausos de Os Verdes, do BE e de Deputados do PS.
Sr.ª Deputada, falta dar o próximo passo, que é o de retrair essa discriminação, pôr de lado também essa
vergonha que arrasta essa discriminação e passar ao passo seguinte. E o que é que significa passar ao passo
seguinte? Centrarmo-nos nas crianças! E aqui vamos estar todos de acordo.
Vamos pensar que as crianças institucionalizadas merecem uma família onde possam ser criadas e que
qualquer família que dê às crianças as condições de que elas precisam, independentemente da sua orientação
sexual, deve poder adotar. Ora, é esse o passo que nos falta dar, Sr.ª Deputada!
A Sr.ª Teresa Anjinho (CDS-PP): — Querem começar a discussão ao contrário!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Deputado Luís Montenegro, é verdade, foram quatro vezes
que o senhor e, infelizmente, a maioria dos Deputados do PSD mantiveram o preconceito e a discriminação.
Mas há de chegar a altura em que esta maioria dará uma volta!
Sr. Deputado, estou plenamente convicta de que a cada discussão que se faz, na Assembleia da República
ou fora dela, é mais um passo que dá para o esclarecimento, para que as pessoas reflitam sobre os
argumentos, para que as pessoas reflitam sobre a aberração das discriminações e percebam que é preciso
prosseguir no sentido da igualdade.
Não tenha medo dos debates, Sr. Deputado, independentemente do resultado.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Vou a todos os debates!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Não, não tenha medo nem lhe faça confusão os múltiplos debates
que aqui se fazem contra a discriminação, porque eles são sempre mais um passo em frente, como o Sr.
Deputado há de reconhecer!
Sr.ª Deputada Teresa Anjinho, já agora, quero dizer-lhe que o problema é que a controvérsia de que falou
vai-se e o CDS fica, e isso é mau. Reflita sobre isto, Sr.ª Deputada, e não neste mas noutro debate talvez
possa já ter uma posição diferente.
Aplausos de Os Verdes, do BE e de Deputados do PS.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, concluído este debate, passamos ao ponto 6 da nossa ordem do dia,
que consiste na apreciação da petição n.º 322/XII (3.ª) — Apresentada por Guilherme Basto e outros, contra o