22 DE JANEIRO DE 2015
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Aplausos do PSD e da Deputada do CDS-PP Teresa Anjinho.
A Sr.ª Presidente: — Tem de novo a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Isabel Alves Moreira.
A Sr.ª Isabel Alves Moreira (PS): — Sr.ª Presidente, depois de ouvir a intervenção da Sr.ª Deputada
Teresa Anjinho, de ouvir a citação correta do artigo 13.º, n.º 2, da Constituição e depois de também ter ouvido
o «passei ao lado» que deu acerca desta questão, queria dizer que a mudança do PS é normal.
Usando uma frase do próprio líder do seu partido, há pessoas que vêm para a política para crescer e há
outras que vêm para alargar. Nós aqui estamos a crescer.
Aplausos do PS.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Queria também dizer-lhe, Sr.ª Deputada Teresa Anjinho, relativamente à insistência neste debate, que é
normal que a nova liderança — sei que não vê uma nova liderança no CDS-PP há muito tempo — inscreva na
Agenda para a Década a adoção por casais do mesmo sexo.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Consideramos, por isso, normal que o PS diga «presente», uma vez que a nova liderança assumiu
democraticamente, no congresso, este processo a que a Sr.ª Deputada chama de agenda. Mas, enfim, as
palavras ficam com quem as profere.
A Sr.ª Deputada Teresa Anjinho diz que não vale a pena insistir no ponto de que nada mudou no quadro
parlamentar. Por acaso, reparei que o PCP passou a estar a favor, pelo que alguma coisa mudou, mas talvez
os outros não tenham reparado.
Depois, diz que este é um tema muito controverso, que não há consenso. Para uma pessoa que estuda
Ciências Sociais dizer que não há consenso… Digo-lhe que o tema é tão controverso, tão controverso, que
vamos em 18 países, 38 Estados e mais 8 jurisdições e os tribunais constitucionais, complexos e cheios de
dissensos, não param de dizer que é o interesse das crianças que está em causa quando se permite a adoção
por casais do mesmo sexo.
Veja bem, Sr.ª Deputada Teresa Anjinho, como isto é um dissenso louco e como é uma agenda partidária
em que estão 18 países, 38 Estados, 8 jurisdições.
No Conselho da Europa, vejo que adota o paradigma da Roménia, por exemplo — bravo para si! — e que
está o PS, está o PCP, está o Bloco de Esquerda, estão Os Verdes, estão todos esses países, está o tribunal
constitucional austríaco, ainda há tão pouco tempo…
Por favor, Sr.ª Deputada, deve ter sido equívoco, mas não falte à verdade. O Presidente da República,
quando fiscalizou a lei do casamento, excluiu do pedido de fiscalização, expressamente, a norma que afastava
a proibição de adoção. Portanto, o Tribunal Constitucional não se pronunciou sobre esta matéria.
Para acabar, devo dizer-lhe que a sua posição não me surpreende, porque, apesar de ser uma fervorosa
adepta de campanhas anti-bullying e do artigo 13.º, n.º 2, da Constituição, não se espantou quando Luís Villas-
Boas, que integra a Comissão de Acompanhamento da Lei da Adoção do Ministério do seu partido, disse que
ser lésbica não é ser mulher na plenitude natural do seu termo ou quando disse que, nesse caso, estávamos a
falar de um carinho falso. O CDS foi informado desta carta, respondeu por escrito e considerou isso normal e
liberdade de expressão.
Aplausos de Deputados do PS.
A Sr.ª Teresa Anjinho (CDS-PP): — Vergonhoso!
A Sr.ª Presidente: — Estão ainda inscritas as Sr.as
Deputadas Cecília Honório e Heloísa Apolónia.