I SÉRIE — NÚMERO 42
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O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, no escasso tempo que dispõe de 31
segundos, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Quero dizer que é verdadeiramente
lamentável que cinco anos depois da SA e com o que tem estado a acontecer no Arsenal neste último ano da
Legislatura os Srs. Deputados da maioria e do PS apareçam com este discurso do «a ver vamos», como se
estivéssemos em 2009. Não estamos, Srs. Deputados. Não sei se já deram por isso!
Nas intervenções que ouvimos, faltou explicar em que livro é que está escrito que o Arsenal do Alfeite
integrado na Marinha não pode trabalhar para outros países e outras entidades. Em que livro é que está
escrito que a capacidade técnica, de investimento e de modernização não poderia ser garantida no quadro da
Marinha, se houvesse vontade política para isso?
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Os Srs. Deputados, com muita tranquilidade e com muito interesse em ir lendo
os estudos, vão empurrando o Arsenal para a degradação e o desmantelamento de uma forma
verdadeiramente criminosa.
Sr. Deputado João Rebelo, a capacidade técnica que o Arsenal não tinha em relação aos submarinos,
também não a tinha antes de passar a ter em relação às fragatas MEKO ou às fragatas holandesas. Aquilo
que não se sabe aprende-se! Nos contratos de manutenção, devia ter ficado estipulado que esse trabalho
ficava garantido para o Arsenal, e não ficou. É por isso que vão 10 milhões de euros, mais IVA, para a
Alemanha, em vez de ficar trabalho no Arsenal do Alfeite, porque não se garantiu atempadamente essa
matéria.
A extinção da Empordef, afinal, não era suposto trazer o problema para «sim ou sopas», ou internaliza-se
ou é extinto e privatizado?! Afinal, os senhores querem fazer o quê ao Arsenal? Cinco anos depois não
sabem? É ou não verdade que o famoso estudo do Dr. Augusto Mateus já foi concluído e estará a aboborar
algures no Ministério?
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Termino, Sr. Presidente.
Os trabalhadores do Arsenal não podem é ficar nesta situação de indefinição constante e de beco sem
saída, a ver o tempo passar, o estaleiro a degradar-se, a não entrar gente nova, que faz falta ao Arsenal, e
deviam regressar aqueles que foram corridos de forma absolutamente inaceitável, como fez o Governo
anterior e que este Governo e esta maioria reiteraram.
Não estamos condenados a este caminho, Srs. Deputados, por mais que o tentem impor ao País.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma segunda intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada
Mariana Aiveca, dispondo, para o efeito, de 24 segundos.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Sr. Presidente, a minha primeira palavra é para o Sr. Deputado Bruno
Vitorino: o Bloco de Esquerda trará aqui as vezes que forem necessárias as iniciativas legislativas que
entender necessárias. Acho que o senhor deve despir esse preconceito, porque não lhe fica nada bem.
Na verdade, o que é mau é que o PSD não traga ao Plenário as matérias que interessam para discussão, e
neste caso concreto já deveria ter trazido. Os senhores passam a vida com a história do passa culpas: «não
fomos nós, foram os outros, a decisão é de 2009, está perfeitamente identificada». Bem, mas os senhores
estão no Governo vai para quatro anos! Afinal, estão à espera de um célebre Plano Mateus, pelo qual
pagaram 74 000 € — é que para esses estudos há dinheiro! —, quando deveriam era ter tomado atitudes. E já
se percebeu que este modelo não resulta, já se percebeu que se perdeu know-how, que não se reestruturou,
que não se modernizou e que assim não vamos lá.