I SÉRIE — NÚMERO 44
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A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Primeiro-Ministro, reparo que não indicou uma única medida que o
Governo tenha tomado para contrariar o descalabro na saúde e, portanto, o que o Bloco tem dito é verdade…
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Sr.ª Presidente, não tenho condições…
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, compreendo a reação, mas peço-vos agora que escutem…
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Srs. Deputados, a Mesa já exprimiu a sua tomada de posição sobre a matéria. Peço-vos que agora
escutemos a Sr.ª Deputada Catarina Martins.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Muito obrigada, Sr.ª Presidente.
De facto, o Sr. Primeiro-Ministro não deu o exemplo de uma única medida, o que prova o que o Bloco de
Esquerda tem vindo a dizer: poupou-se despesa no Serviço Nacional de Saúde, mas não se pouparam vidas,
e isso não se pode desculpar a um governo.
Sr. Primeiro-Ministro, ouvi-lo aqui dizer que a dívida portuguesa é sustentável… Sabe que Carlos Moedas,
quando a dívida estava a 90%, já dizia que era insustentável; agora, com mais de 130%, o Sr. Primeiro-
Ministro vem dizer-nos que é sustentável. Parece, sim, um conto de crianças dizer hoje que a dívida
portuguesa é sustentável.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Isso só me lembra um outro conto, o conto daquele candidato a primeiro-
ministro que prometeu que não cortava salários, que prometeu que não ia despedir trabalhadores, que
prometeu que não cortava subsídios de férias nem aumentava impostos e que depois foi eleito primeiro-
ministro. Esse conto de crianças não acaba nada bem, pois não, Sr. Primeiro-Ministro?
Mas há um País que não está derrotado e que sabe que é possível fazer diferente. E digo-lhe que hoje
trabalhadores da segurança social de Aveiro e de Viana conseguiram, nos tribunais, parar o processo de
requalificação e mostrar que o que o seu Governo está a fazer não tem legitimidade.
Aplausos do BE.
Os trabalhadores da segurança social têm de ser requalificados. E digo-lhe também que não dê como certo
que pode continuar com as privatizações ou que o País tem uma tabuleta de «vende-se» à porta. A
privatização da TAP tem de ser parada, vai ser parada, porque é contra o mais básico dos interesses
nacionais, assim como a privatização dos transportes públicos, da CP CARGA, da EMEF. Não deixaremos
passar.
Sabe, Sr. Primeiro-Ministro, na Irlanda, a eletricidade é pública; na Grécia, parou-se a privatização dos
portos e da eletricidade; aqui, em Portugal, quer o seu governo queira quer não queira, a TAP continuará a ser
pública.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Catarina Martins, quanto à questão da dívida,
direi apenas que a dívida portuguesa é sustentável. Essa conclusão tem sido reiteradamente afirmada pelas
instâncias internacionais e, desde logo, pelos nossos credores. Portanto, Sr.ª Deputada, se aqueles a quem