31 DE JANEIRO DE 2015
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Deve considerar, com certeza, que se não temos dinheiro para gastar temos de gastar menos. Parece-me que
esse é um bom programa. Não acha a Sr.ª Deputada?
Agora, a Sr.ª Deputada diz assim: «Bem, mas não pode cortar em nada. Olhe, se cortar nas áreas sociais
isto é dramático, se corta no investimento público isso paga-se no futuro, se corta nos benefícios sociais isso é
um desastre social…» Ó, Sr.ª Deputada, num País em que a despesa pública se concentra no essencial em
despesa social e salários, são dois terços dessa despesa. Fizemos esse debate muitas vezes não é, Sr.ª
Deputada? Não estamos a dizer nada de novo, pois não? Porque não progredimos nós no nosso debate no
Parlamento?
Vozes do PSD e do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Porque quer a Sr.ª Deputada e Os Verdes trazerem sempre a discussão de um
passado que está resolvido para esta atualidade?
Ó Sr.ª Deputada eu sei que, nesta altura, era mais interessante do lado da oposição agitar o medo e o
papão da austeridade para ter mais simpatia. Mas já não é caso para isso, Sr.ª Deputada, as circunstâncias já
não são essas.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, eu explico-lhe porque é que
nós não progredimos no debate. Não progredimos no debate porque o Sr. Primeiro-Ministro não responde às
perguntas que lhe são colocadas e responde sempre com as mesmas parangonas e sempre com o mesmo
discurso feito sem responder.
Sr. Primeiro-Ministro, disse aqui que não há dinheiro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Não havia, mas agora há!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Eu acabei de lhe dizer que havia dinheiro. Quando não havia
dinheiro os senhores desceram o IRC para as grandes empresas, abdicaram de receber dinheiro e
sacrificaram os impostos dos trabalhadores.
Os senhores fizeram opções muito claras. O senhor não pode dizer que não havia dinheiro, porque havia
dinheiro para aquilo que queriam. Para aquilo que não queriam era só sacar a quem trabalha, Sr. Primeiro-
Ministro. Essa foi uma vossa opção.
Ou seja, o Sr. Primeiro-Ministro demonstrou que vale tudo para atingir os fins a que se propuseram. Se
para isso for preciso espezinhar os portugueses, empobrecer mais os portugueses, não há problema. O
senhor vem aqui agitar números sem olhar à realidade do País.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Primeiro-Ministro, em ano de eleições, o Sr. Primeiro-Ministro
decidiu, enfim, dar algumas ilusões ao País e dizer «daquele amontoado que aumentámos no IRS, vamos,
agora, descer um bocadinho». Mas, automaticamente, criaram a fiscalidade ambiental para compensar aquilo
que perderiam no IRS. Portanto, não venha falar da componente ambiental. Não! A fiscalidade ambiental nada
tem a ver com matéria ambiental, só serve para aumentar impostos e para compensar outros impostos. O
único incentivo que a fiscalidade ambiental dá é para os carros elétricos. O único! E pergunto-lhe, Sr. Primeiro-
Ministro: quem é que, no País, tem dinheiro para comprar carros elétricos? O senhor sabe que é só quem tem
mais poder de compra e sabe que isto vai resultar numa coisa super-residual.
A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr.ª Deputada.