31 DE JANEIRO DE 2015
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devemos acreditam que vamos pagar fará pouco sentido que o País que deve diga que não tem condições
para pagar quando tem.
Quanto à questão da saúde, volto a dizer-lhe, Sr.ª Deputada, que está a fazer um comício e muita
demagogia à volta de uma matéria que é demasiado sensível e que não se devia prestar a esse serviço.
Direi, Sr.ª Deputada, aquilo que lhe disse há pouco: este Governo investiu em ter em saldo líquido mais
médicos no Serviço Nacional de Saúde do que tinha quando eu tomei posse; temos mais camas ao serviço
dos doentes do que as que existiam quando cá cheguei;…
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — É mentira!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … e transferimos do Orçamento do Estado mais dinheiro para a saúde do que
antes. É verdade, Sr.ª Deputada, e não só. Também remodelámos vários serviços de urgência e inaugurámos
novos equipamentos na área da saúde.
Eu sei que a Sr.ª Deputada faz as perguntas não esperando que eu responda.,…
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Estou à espera de uma medida, mais nada!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … mas quando a minha resposta não lhe interessa ou não lhe agrada porque
não vai ao encontro do preconceito que tem, a Sr.ª Deputada procura interromper-me e desvalorizar o que lhe
estou a dizer. Não leve a mal, mas não é assim que se trava — para usar a sua expressão — um debate sério.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Nós investimos mais na saúde, criámos mais lugares para médicos trabalharem no Serviço Nacional de
Saúde, temos mais camas, requalificámos urgências, inaugurámos novos hospitais, investimos no Serviço
Nacional de Saúde. E quando a Sr.ª Deputada refere as transferências que foram feitas para efeitos de cobrir
os passivos que existiam, quer dizer as responsabilidades, também o fizemos para sanear financeiramente os
hospitais portugueses que são instrumentos importantes para prestação de cuidados de saúde.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Portanto, Sr.ª Deputada, não confunda. O que se está a passar na saúde em Portugal tem-se passado
noutros países europeus também, de uma forma anormal, desafiando a capacidade instalada, desafiando a
qualidade dos nossos profissionais, que têm sido chamados a intervir em condições pouco normais, pouco
usuais e que, ainda assim, têm conseguido prestar um excelente serviço.
De resto, ainda esta semana, foi conhecido um estudo sueco sobre a saúde em consumidores europeus
que mostra que Portugal ascendeu três posições relativamente ao ano anterior e que está hoje, portanto, entre
os países melhor classificados — se a memória não me atraiçoa, está em sétimo ou em oitavo lugar — em
termos europeus. Portanto, Sr.ª Deputada, não vamos confundir as duas coisas.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Segue-se no uso da palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, julgo que o senhor pode
desvirtuar os números da saúde como entender, mas há questões às quais o Governo não pode fugir.
Imaginemos que o Hospital Garcia de Horta foi projetado para servir 150 000 pessoas, mas serve muito mais
de 400 000. Como é que pode, pois, dar resposta? E qual é a resposta do Governo? «Não se constrói o novo
hospital do Seixal. Lamentamos, mas não vamos construir!» É assim que o Governo tem dado resposta no
Serviço Nacional de Saúde e é por isso que as coisas não podem funcionar por mais que o senhor tente
desvirtuar e manobrar os números.