5 DE FEVEREIRO DE 2015
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No que a estas matérias respeita, o PSD, um partido de cariz personalista e humanista, na sua pluralidade
de visões, sempre encontrará o seu pilar comum na primazia e salvaguarda da vida humana.
Entendemos que, em face da sensibilidade, da complexidade, mas, acima de tudo, da importância que elas
têm no futuro do País e das famílias portuguesas (aquilo que, para nós, hoje, é o conceito de família), se
deverá continuar a acompanhar atentamente a reflexão deste tema na sociedade portuguesa.
Para nós, Sr.as
e Srs. Deputados, não é pelo facto de se utilizarem, sistemática e repetidamente, estes
temas como estratégia política que eles serão mais ou menos convenientemente tratados.
É porque, nesta bancada, nos expressamos livremente — não somos melhores ou piores que outros — e
porque esta é uma questão que tem antecedentes, tem dimensão e nos convoca, que votaremos expressando
as nossas próprias opiniões.
É a isso que nos intima o valor supremo da dignidade humana.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Isabel Galriça
Neto.
A Sr.ª Isabel Galriça Neto (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: O tema deste debate é delicado,
complexo, abrangendo, no mínimo, áreas da ética, da ciência e do direito.
É um debate controverso que fazemos no respeito pela diversidade de opinião e sem juízos morais.
Trata-se da procriação medicamente assistida. Na nossa perspetiva e na de muitos peritos, que
devidamente o fundamentam, é uma técnica terapêutica subsidiária de procriação e não uma técnica
alternativa.
Estão em jogo legítimas aspirações pessoais às quais não somos, de forma alguma, indiferentes, e estão
também em jogo questões de interesse de um novo ser — o mais frágil e vulnerável neste processo —,
interesse esse que há que acautelar devidamente.
Entende o CDS-PP que o exercício da autonomia e da liberdade individuais não deve ser realizado de
forma absoluta e deve ser sempre harmonizado com o bem de terceiros, com o bem comum, e atender aos
resultados que advêm da prática desse mesmo direito.
Em nosso entender, uma visão equilibrada sobre esta temática faz com que não vejamos a PMA como uma
técnica de primeira linha ou a banalizar e os contornos imprecisos que ainda persistem no âmbito da ética e do
direito fazem com que mantenhamos a opção por manter este avanço técnico subjugado ao primado da
dignidade de todo o ser humano, a começar pelo embrião.
Não estamos fora deste debate. Acompanharemos esta temática.
Como disse no início, e quero reiterar, respeitamos a diversidade de opinião, reafirmando a nossa.
Por isso, votaremos contra os projetos em discussão.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Heloísa
Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Gostaria, em nome do
Grupo Parlamentar Ecologista «Os Verdes», de deixar três breves notas sobre os projetos em discussão.
A primeira nota que gostaria de deixar é a de que o uso de técnicas de procriação medicamente assistida,
como já aqui foi afirmado e consta da lei, está vinculado à infertilidade ou à prevenção de doenças e Os
Verdes concordam que este regime perca o seu caráter subsidiário e que ganhe um caráter alternativo ou
complementar. Por isso, concordamos que se alarguem as situações em que podem ser aplicadas estas
técnicas de procriação medicamente assistida, não as restringindo apenas a casos de doença.
A segunda nota prende-se com a matéria da igualdade, pelo que farei uma observação sobre os
beneficiários. A lei atual restringe o uso das técnicas de PMA a pessoas casadas de sexo diferente ou unidas
de facto. Os Verdes concordam que se alarguem os beneficiários, por exemplo, às mulheres solteiras,