I SÉRIE — NÚMERO 45
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A pergunta que deixo à Sr.ª Deputada é se o PCP reconhece a vitalidade e a força deste distrito e das suas
instituições e está disponível para encontrar soluções exequíveis para resolvermos alguns dos problemas que
sabemos que existem.
Mas não é desta forma, não é elencando apenas questões negativas, que vamos lá.
O distrito de Aveiro era uma boa oportunidade para o PCP. Lamento ter sido uma oportunidade perdida no
vosso discurso.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro
Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Diana Ferreira, começo por
cumprimentar o PCP por ter escolhido o distrito de Aveiro para fazer as suas jornadas parlamentares.
É verdade — ao contrário de outras opiniões menos baseadas na vida concreta de quem vive no distrito de
Aveiro e nas dificuldades que este Governo colocou à vida dessas pessoas, com a degradação dos serviços
públicos, com a degradação das expectativas das pessoas sobre aquilo que o seu País deveria dar-lhes e com
a degradação de um tecido económico que deveria responder à criação de emprego — que quem diz o que
disse agora o PSD não conhece bem o distrito.
Vozes do PSD: — Oh!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Vou fazer uma pergunta muito simples e muito direta. Com certeza, o
PCP teve no seu debate uma preocupação relativa não só à economia e à produção, mas também aos
serviços públicos, porque essa é uma vertente essencial nas preocupações de quem vive no distrito de Aveiro.
Os dois grandes hospitais do distrito estão nas manchetes dos jornais não porque são um exemplo a nível
nacional mas, sim, porque são um mau exemplo daquilo que este Governo fez ao País.
Vemos o hospital de Aveiro que, nas listas de espera para consultas e para operações, afinal, aldraba as
pessoas nos tempos de espera e não responde às suas necessidades. E, quando perguntado sobre isto, o
Governo diz que não há novidade alguma porque já sabia do problema. Ora, então, pergunto, Sr.ª Deputada:
um Governo que é consciente desta aldrabice é ou não responsável pelo mal que faz às pessoas?
Quando olhamos para o norte do distrito e sabemos dos problemas daquela utente que diz que deveria ter
uma operação urgente e ficou esquecida porque marcaram e remarcaram a operação, mas a operação em si
nunca foi realizada, percebemos a política deste Governo, que esconde «debaixo do tapete» o que deveria ser
essencial — e o essencial deveria ser resolver os problemas da saúde.
Ora, perante estes dois exemplos, caiu como um castelo de cartas este sonho laranja e azul, que PSD e
CDS dizem que o Governo criou no distrito de Aveiro.
Por isso, pergunto, Sr.ª Deputada, se não deveríamos ficar preocupados com esta realidade, porque ela é
má para as pessoas, e com este Governo e com estes Deputados, porque eles, de facto, não representam as
pessoas pois não percebem sequer quais são os seus problemas e as suas dificuldades.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Não diga isso! Os Deputados estão aqui pelo voto!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Não representam as preocupações das pessoas, porque não sabem as
dificuldades que elas sentem no seu dia-a-dia! Posso repeti-lo à exaustão. É que não houve sequer uma
palavra sobre emprego, não houve uma palavra sobre saúde, não houve uma palavra sobre educação, não
houve uma palavra sobre uma economia que é necessária para as pessoas.
Protestos do PSD.
E, já agora, tendo falado do porto de Aveiro, não houve uma palavra sobre o crime ambiental e ataque à
saúde pública que está lá a acontecer com o petcoke. Afinal, conhecem tanto, mas sabem tão pouco!