5 DE FEVEREIRO DE 2015
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A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: O PCP realizou, em Aveiro, as suas
Jornadas Parlamentares, pela defesa da produção nacional, pela criação de emprego e pela valorização de
salários e direitos.
A realidade deste distrito não é diferente nem está desligada da realidade vivida no resto do País e revela
com clareza as consequências da política de direita na vida das pessoas e do País.
Uma realidade confirmada nestas Jornadas, nas quais comprovámos as grandes dificuldades sentidas
pelos agricultores, pelos pescadores, pelos trabalhadores do calçado, da cortiça e da indústria automóvel,
assim como as pequenas e médias empresas, com as evidentes consequências para a economia nacional.
Uma realidade verificada na agricultura, que assume grande importância no distrito, apesar da não
execução do projeto do Baixo Vouga Lagunar e da fuga do Governo ao cumprimento de resoluções da
Assembleia da República, o que leva a que avance a salinização dos solos e se perca capacidade produtiva
numa das áreas mais férteis do País.
Nas produções hortícolas, acentua-se a redução de preços, como se pode verificar com a batata, que
chegou a ser paga aos produtores portugueses a 5 cêntimos/kg, ao mesmo tempo que o Governo autorizou a
importação de batata do Líbano, atirando os agricultores para situações de profundas dificuldades, à
semelhança do que acontece com os produtores de leite, que verão a sua situação agravada com o fim das
quotas leiteiras.
É o Governo ao lado dos grandes proprietários, da grande indústria e da grande distribuição (que detém
75% do mercado agrícola em Portugal), contra a pequena produção e a agricultura familiar, cujo papel na
produção de produtos de qualidade e na ocupação do território e povoamento das aldeias do nosso País é
fundamental.
Na pesca, uma atividade económica também de grande relevância no distrito, acentuam-se
significativamente as dificuldades sentidas pelos pescadores, muito devido aos baixos preços praticados na
primeira venda em lota, assim como à paragem imposta na pesca da sardinha. Também neste setor, além da
imposição de medidas lesivas à atividade piscatória e aos direitos dos pescadores, o Governo foge às
resoluções aprovadas na Assembleia da República, estando por cumprir aquelas que são respeitantes à arte
xávega.
Na indústria, com a destruição de milhares de postos de trabalho e encerramento de inúmeras empresas,
deixando muitas vezes famílias inteiras sem emprego.
Na educação, onde se comprovou a escassez de profissionais, foi possível constatar o descontentamento
da população com o encerramento de escolas e de outros serviços públicos.
Na saúde, a acentuada carência de profissionais, aliada ao encerramento cego de unidades de saúde,
serviços e valências hospitalares, coloca em causa o direito à saúde.
Nos transportes, com o exemplo da linha do Vouga, cujo futuro é incerto devido às opções de
desinvestimento por parte do Governo e à intencional degradação da linha e do serviço, visando o seu
encerramento, um transporte fundamental para a população que, sem alternativas, não tem como deslocar-se
à cidade de Aveiro.
Por tudo isto, o PCP irá propor um plano de emergência para o distrito de Aveiro com um conjunto de
medidas concretas para responder aos problemas identificados.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Esse distrito é exportador de calçado de excelência!
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Sr.a Presidente, Srs. Deputados: O distrito de Aveiro é exemplo das
consequências dramáticas da política de direita, das responsabilidades que o Governo PSD/CDS não quer
assumir e da fantasia da sua propaganda.
A falácia da «saída limpa» propalada pelo Governo é desmentida pelo agravamento da situação económica
e social, designadamente os elevados níveis de desemprego e a continuada degradação das condições de
vida dos trabalhadores e das populações. Longe dos anúncios feitos de recuperação económica, o dia-a-dia
da maioria dos portugueses é marcado pelo aumento da pobreza e da exploração, pela perda de poder de
compra, pela crescente dificuldade de acesso a serviços públicos, com especial destaque na saúde, e pelo
atropelo dos direitos laborais e sociais.