5 DE FEVEREIRO DE 2015
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A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma nova intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Helena
Pinto.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Depois de ouvir as intervenções dos
Srs. Deputados sobre esta matéria, queria dizer, em primeiro lugar, que temos de lamentar, tendo em conta o
que ouvimos, que ainda não seja possível dar mais este passo.
Também gostaria de questionar um ou outro aspeto. Se o problema do critério da infertilidade é a questão-
chave, a questão basilar da qual devem partir todas as condições de acesso à PMA, tenho de concluir que o
PSD, que enfatizou este aspeto, está disponível para retirar da lei a discriminação em função de o casamento
ter de ser heterossexual. Temos de concluir isso, Sr.ª Deputada Ângela Guerra.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Se a questão da infertilidade é central, então tem de ser aplicada a todas as
mulheres, casadas com outra mulher ou casadas com um homem. Senão, sou forçada a concluir que a
questão fundamental não é essa, mas, sim, o facto de haver preconceito e discriminação em função da
orientação sexual.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Sr.ª Deputada Ângela Guerra, permita que os partidos que trouxeram esta
questão a debate, o Partido Socialista e o Bloco de Esquerda, retomem uma discussão feita recentemente no
Parlamento, quando se disse que queríamos «fazer entrar pela janela o que não entrou pela porta». Sr.ª
Deputada, era melhor nem falar disto.
A Sr.ª Ângela Guerra (PSD): — Porquê?
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Porque o PSD é que fechou a porta. Não entrou, fechou a porta à expetativa
de muitos casais deste País, em que a única forma de concretizarem o seu projeto de ter filhos era a
maternidade de substituição. Os senhores é que retiraram o vosso próprio projeto! A discussão recente foi
esta.
A Sr.ª Ângela Guerra (PSD): — Isso é outro assunto!
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — É melhor não misturarmos os assuntos, porque, quanto a isto, não há
argumentação. Os senhores é que fecharam a porta, retirando o vosso próprio projeto. Terão de justificar isso.
Sr.ª Presidente, vou terminar, dizendo o seguinte: não é possível dizer que estas questões não sejam
debatidas e que não se continua a referir que é preciso acompanhá-las, que é preciso fazer um debate
profundo e que é preciso ver a evolução, mas o problema é que, enquanto se acompanha e se vê a evolução,
há pessoas que ficam para trás e a quem a lei não responde. Se mantivermos essas discriminações na lei, são
só prejuízos morais que fazemos, mais nada.
Srs. Deputados, continuem a refletir, que nós continuaremos a lutar para que as discriminações saiam de
vez da lei sobre a PMA.
Aplausos do BE e de Deputados do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Como a Mesa não regista mais inscrições, ficam, assim, concluídos
os nossos trabalhos de hoje.
A próxima sessão plenária terá lugar amanhã, pelas 15 horas, iniciando-se a ordem do dia com um debate
de atualidade, requerido pelo PSD, sobre licenciamento único ambiental.
Seguir-se-á a discussão conjunta dos projetos de resolução n.os
1110/XII (4.ª) — Pelo reforço dos cuidados
de saúde primários de proximidade às populações (PCP), 1111/XII (4.ª) — Pelo reforço e valorização dos