I SÉRIE — NÚMERO 46
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O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Está gravado, Sr. Deputado!
Sr. Deputado, não somos nós que estamos a «engordar» o setor privado na área da saúde.
Protestos do PSD.
Depois, o Sr. Deputado Paulo Almeida disse que não há cortes na saúde e que até tem havido mais
dinheiro. Sr. Deputado, se até tem havido mais dinheiro para a saúde e se não há cortes, então, aquilo que se
está a passar nas urgências hospitalares, nos tratamentos oncológicos e no tratamento da hepatite C é por
causa da incompetência do Governo — não vejo mais nada; acho que «é pior a emenda que o soneto».
Portanto, segundo o Sr. Deputado, até há mais dinheiro para a saúde. Mas este Governo não consegue
assegurar as urgências hospitalares, Sr. Deputado!
Acho que o Governo, nos últimos três anos, cortou 1,5 mil milhões de euros na saúde, o dobro daquilo que
a troica exigiu. Mas o Sr. Deputado até diz que não, que há mais dinheiro. Então, os retificativos serviram para
alimentar a indústria farmacêutica, para aliviar a dívida dos laboratórios.
Mas se o Sr. Deputado diz que até há mais dinheiro para a saúde, então por que é que está a acontecer o
que está a acontecer com a saúde?! Incompetência do Governo!
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem de concluir, Sr. Deputado.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Devo dizer-lhe, Sr. Deputado João Prata, que, de facto, o Sr.
Ministro da Saúde, ontem, esteve na Comissão de Saúde para nos dizer, sobre a hepatite C, aquilo que nos
disse em junho do ano passado: estamos a negociar. É lamentável! É profundamente lamentável!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Quero apenas lembrar que, enquanto os senhores dizem que
está tudo muito bem, que até há mais dinheiro, há pessoas que morrem enquanto esperam para ser
atendidas.
Aplausos de Os Verdes, do PCP e do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Carla Cruz.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Srs. Deputados do PSD, não somos
nós que estamos no Governo a negociar com a farmacêutica, é o Governo. E é o Governo que está a deixar
os doentes sem medicação e a deixar que eles morram sem essa medicação.
Mas vamos recentrar o debate naquilo que deve ser o debate. Os senhores podem ficar muito
incomodados com as consequências das vossas políticas, mas o que não podem fazer é calar-nos para não
trazermos aqui e denunciarmos o desespero e as situações dramáticas com que os doentes se confrontam: os
doentes que esperam horas numa urgência para serem atendidos; os doentes que não tomam a medicação
porque o Governo não lhes permite aceder a essa medicação; os doentes que não tomam a medicação
porque não têm condições económicas para o fazer; os doentes que, estando à espera nas urgências, as
abandonam sem serem atendidos porque desistem desse atendimento.
Ora, perante estes problemas, os senhores tentam fugir-lhes, os senhores não lhes respondem claramente.
Porquê? Para manterem intocável a propaganda do Governo, para continuarem a esconder as malfeitorias
que o Governo, a política do Governo faz.
Mas, quanto a isso, Sr. Deputado do PSD, o PCP não se exime a apresentar aqui propostas. Nós, para
além de denunciarmos os problemas, temos feito muitas e boas propostas com vista à sua resolução. Mas o
PSD e o CDS-PP, invariavelmente, chumbam essas propostas.
O Sr. João Oliveira (PCP): — É o costume!