I SÉRIE — NÚMERO 48
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O Sr. David Costa (PCP): — Bem lembrado!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — … que este Governo continua a ignorar e a prejudicar cada vez mais de norte
a sul do País, nas aldeias, nas vilas, nas cidades, e que tem a ver com o problema dos táxis clandestinos, com
o problema da concorrência desleal, com o problema das multinacionais que querem tomar conta do setor,
como a Uber norte-americana, que até acordos com a TAP tem feito, com o problema do transporte de
crianças e de doentes. Os senhores não têm uma palavra para o setor do táxi e vêm falar do interior do País!?
O Sr. David Costa (PCP): — Muito bem!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — E, a propósito do interior do País e das regiões mais desfavorecidas, falem da
Linha do Vouga, falem da Linha do Oeste, que o Conselho de Ministros resolveu que eram para encerrar e que
só o facto de estarem hoje a funcionar é uma vitória da luta das populações e uma derrota pesada deste
Governo.
Falem sobre o interior do País, vão às aldeias e às vilas do interior perguntar às pessoas as vantagens que
tiveram com o desaparecimento da Rodoviária Nacional, o fim do serviço público.
Os senhores continuam a querer transformar serviços públicos em negócios privados e querem continuar
na senda das PPP e das rendas garantidas para os grupos económicos.
Srs. Membros do Governo, o que é importante, de facto, é que este Governo se vá embora e que leve com
ele a política de direita. E já ontem era tarde! Para isso, até de TGV podem ir, Srs. Membros do Governo!
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — A Mesa não regista inscrições neste momento, pelo menos. Estamos praticamente a
chegar ao fim do debate com os tempos quase esgotados.
Pausa.
Entretanto, inscreveu-se a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, a quem dou a palavra para uma intervenção.
Faça favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, não me inscrevi antes porque estava a guardar-
me para pedir esclarecimentos ao Sr. Secretário de Estado, porque como ainda dispõe de tempo, presumi que
fosse falar. Presumi. Tenho esse direito, julgo eu!
De qualquer modo, dado que o Sr. Secretário de Estado não tomou essa iniciativa, vou incitá-lo, talvez, a
responder a uma das questões concretas que Os Verdes levantaram e que o Sr. Secretário de Estado ignorou
completamente, mas que me parece importante ter uma resposta por parte do Governo. Estando nós a
preparar o presente, é importante que tenhamos também um olhar sobre o futuro.
Sr. Secretário de Estado, fala-se muito das alterações climáticas, fala-se muito da necessidade de
promover cidades sustentáveis e a questão dos transportes é uma peça-chave em todas estas questões.
Falei-lhe no que qualifiquei uma asneira cometida por parte do Governo quando retirou determinados
incentivos aos jovens para uma utilização do transporte coletivo. Claro que não considero que o único
incentivo possível seja a existência de um passe 4_18 ou de um passe sub23, mas considero-os elementos
importantes para incentivar os jovens à utilização do transporte coletivo, porque nós queremos retirar carros da
cidade.
É uma questão difícil, Sr. Secretário de Estado, fazer com que as pessoas abdiquem do transporte
individual quando, ainda por cima, não têm uma oferta com qualidade do transporte coletivo e onde — mesmo
ao redor de Lisboa, quanto mais no interior do País — muitos locais têm recolher obrigatório porque não têm
transportes coletivos a partir de uma determinada hora. É difícil criar um novo paradigma de mobilidade nestas
circunstâncias.