I SÉRIE — NÚMERO 49
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explica o aumento da pobreza? Como é que explica — e os dados do INE são indesmentíveis — um
agravamento significativo da pobreza no nosso País?
Sr. Ministro, a sua propaganda não cabe na realidade do País! A sua propaganda não cabe na realidade
concreta das pessoas! A pobreza entre os desempregados aumentou. Sabe muito bem que se somar os
inativos, os desmotivados, os estágios e a formação profissional, se somar isso tudo, temos hoje 22% de
desemprego. Não diminuiu o desemprego, ele aumentou, e significativamente.
Risos do Deputado do CDS-PP Nuno Magalhães.
A bancada do CDS pode rir-se à vontade, mas, lá fora, quem assiste a este debate sabe que o
desemprego é um flagelo social que não está a ser resolvido por este Governo!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Mais: se o Governo estivesse preocupado em resolver o problema do
desemprego, poderia perfeitamente parar com o processo de requalificação. Mas não! O Governo pretende, e
vai despedir, mais 620 trabalhadores da segurança social, muitos deles com incapacidades superiores a 60%,
como ontem mesmo o PCP denunciou. Isso demonstra que o Governo está muito pouco preocupado com o
desemprego no nosso País; antes pelo contrário, promove-o.
Terceiro argumento: em 2014 e em 2015, a situação é melhor. O Sr. Ministro sabe muito bem que o que
mudou, mudou para pior. Se o Sr. Ministro ouvisse as declarações, feitas hoje, da Cáritas de Portimão, que
afirmam que não têm visto diminuir os pedidos de ajuda — antes pelo contrário, os pedidos de ajuda e de
carência alimentar têm vindo a aumentar significativamente —, não diria que 2014 foi melhor e que 2015 está
a ser melhor.
Para concluir, o combate à pobreza não é, nem nunca foi, intenção do Governo. É porque para combater a
pobreza é preciso distribuir melhor a riqueza nacional e o que o Governo faz é um processo deliberado de
concentração da riqueza, um processo que tem como objetivo que meia dúzia de pessoas tenham um
conjunto significativo dessa riqueza.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Valha-me Deus!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — O verdadeiro programa político do Governo é concentrar a riqueza em
meia dúzia de pessoas, à custa do empobrecimento da grande maioria.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Inscreveu-se também, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Mariana Aiveca, do
Bloco de Esquerda.
Faça favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro: Como é hábito, veio aqui fazer um certo frete
e arrolou mais um plano um pouco impercetível. Mas, Sr. Ministro, são os dados que revelam a crueza da
situação e os níveis de pobreza são os de 2014 e são o resultado da vossa política.
O Sr. Ministro, que até é Ministro do Trabalho, veio reconhecer, e bem, que o desemprego é o problema
principal no que se refere à pobreza. Pergunto: que medidas já tomou relativamente ao desemprego?
Mas podemos conversar sobre salários, Sr. Ministro. Também é o relatório do INE, o mesmo que estamos
a discutir, que nos diz que a média salarial dos jovens mais especializados — ouçam bem! — é de 651 €,
repito, dos jovens mais especializados, e que a média salarial dos jovens é de 515 €. E estamos a falar da
geração mais qualificada de sempre.
Com estes níveis salariais, Sr. Ministro Pedro Mota Soares, não quer que continue o empobrecimento? Ou
quando o senhor também fala do desemprego e sabe perfeitamente que mais de 40% dos desempregados
não têm direito ao subsídio de desemprego não quer que continue o empobrecimento? Ou quando o senhor