I SÉRIE — NÚMERO 50
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universal imposta a todos os municípios, mas através de contratos interadministrativos celebrados com esses
municípios.
Estamos a conversar com vários municípios no sentido de adotar um conjunto de projetos-piloto, num
número limitado, mas geográfica e socialmente representativo de municípios e da realidade do País.
Pretendemos, depois, monitorizar e avaliar esses projetos-piloto para gerar confiança, melhorar o modelo e
generalizá-lo a todo o País.
Este processo que estamos a concretizar está, igualmente, sujeito a certos princípios fundamentais: em
primeiro lugar, a igualdade e não discriminação no acesso dos diferentes municípios e entidades
intermunicipais; a exigência de melhoria da qualidade dos serviços públicos; a transferência para os
municípios dos recursos financeiros, materiais e humanos necessários e suficientes para esses serviços
públicos que vão ser delegados nos municípios — a administração central transferirá para os municípios
exatamente aquilo que despende, hoje em dia, nesses mesmos serviços —;…
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Muito bem!
O Sr. Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional: — … por último, fazemos este processo em
respeito total e pleno da liberdade e autonomia do poder local. É por isso que não impomos estas
competências e esta delegação aos municípios e que este processo está sujeito à adesão voluntária dos
municípios.
Depois de muitos anos, décadas, a falar em Portugal sobre descentralização é tempo de concretizar a
descentralização. É o que iremos fazer, implementando um processo que iniciámos há mais de um ano, que
foi bem preparado, bem planeado, estudado e amplamente discutido, em duas reuniões do Conselho de
Concertação Territorial, em várias reuniões com a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP),
em dezenas de reuniões com municípios e em muitas reuniões com associações sindicais e outros interesses
setoriais em causa.
Naturalmente, continuamos disponíveis para aperfeiçoar este processo, para continuar a aprofundar a
descentralização, sempre em diálogo e contando com a contribuição de todos, incluindo, obviamente, a
contribuição das Sr.as
e dos Srs. Deputados.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Ministro, a Mesa regista a inscrição dos Srs. Deputados Rita Rato, Ramos Preto,
Luís Fazenda, Cristóvão Norte, José Luís Ferreira, Altino Bessa, Diana Ferreira, Carla Cruz, João Ramos,
Duarte Filipe Marques e Acácio Pinto para formularem pedidos de esclarecimento.
Sou informada que o Sr. Ministro pretende responder em três conjuntos de quatro, quatro e, por último, três
Srs. Deputados.
Assim sendo, tem a palavra, em primeiro lugar, a Sr.ª Deputada Rita Rato.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro, o que discutimos aqui hoje não é um regime de
descentralização de competências no domínio de funções sociais, aquilo que o Governo designa de
descentralização é, sim, um passo no sentido da privatização ou desmantelamento das funções sociais do
Estado, nomeadamente no plano da segurança social.
O Sr. Pedro do Ó Ramos (PSD): — Lá vem a mesma conversa!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — A transferência de competências, no domínio da segurança social, do Estado
para outras entidades que não têm condições nem meios para garantir o caráter universal ou a resposta social
significa que, a prazo, essa resposta acaba privatizada ou desmantelada.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Altino Bessa (CDS-PP): — Não confia nas autarquias, afinal!…