I SÉRIE — NÚMERO 50
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O Sr. Ramos Preto (PS): — Sr. Ministro, o diploma refere um estudo-piloto da CIM Alto Minho e Aveiro. Sr.
Ministro, quais as conclusões desse estudo? Quais os resultados? Não são, com certeza, os que constam do
PowerPoint que, lamentavelmente, mandaram para a Assembleia da República.
Sr. Ministro, no que toca à descentralização administrativa, há duas opções: a opção da descentralização
legal de competências, complementada com contratos interadministrativos, respeitando a autonomia do poder
local, como se fez em Lisboa e é o modelo que o Partido Socialista defende, e a opção da delegação de
competência só para alguns municípios, os tais objeto do projeto-piloto que o diploma de ontem refere.
Consequências da vossa opção política na área da educação: o Governo cria, por esta via, municípios a
três velocidades, ou seja, os municípios do projeto-piloto, os municípios que têm alguma delegação de
competências e os municípios que não têm nenhuma delegação de competências.
O Sr. Mota Andrade (PS): — Bem lembrado!
O Sr. Ramos Preto (PS): — O que pergunto é o seguinte, Sr. Ministro: quais os critérios que estão
subjacentes à seleção destes municípios? Tenho sérias dúvidas sobre a legalidade da seleção.
Já agora, Sr. Ministro, também na área da educação, qual é a matriz de responsabilidade que cabe às duas
partes no contrato interadministrativo que vai celebrar e que o Parlamento não conhece?
Sr. Ministro, o PS exige uma descentralização que implique a atribuição legal de novas competências aos
municípios, que implique a transferência de recursos humanos e financeiros indispensáveis à assunção de
novas responsabilidades, configurada em termos flexíveis, de modo a viabilizar, segundo critérios previamente
definidos, que o senhor, aqui, não disse quais eram,…
O Sr. Mota Andrade (PS): — Muito bem!
O Sr. Ramos Preto (PS): — … uma harmonização entre o princípio da descentralização e da
subsidiariedade e as exigências de unidade e eficiência na ação político-administrativa.
Sr. Ministro, há questões que são de regime. Se me disser que vai agora, à pressa,…
O Sr. João Gonçalves Pereira (CDS-PP): — À pressa?!
O Sr. Ramos Preto (PS): — … em fim de mandato, legislar sobre esta matéria e resolver parcelarmente
questões de descentralização, dir-lhe-ei que o tempo das medidas legislativas passou, e passou sem ser
cumprido por este Governo.
A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Ramos Preto (PS): — Termino, Sr.ª Presidente.
Portanto, Sr. Ministro, ao apresentar-nos aqui uma solução que é conjuntural, efémera, geradora de
desigualdade e de instabilidade, dir-lhe-ei que falhou no teste da reforma do Estado.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — O próximo pedido de esclarecimento é do Sr. Deputado Luís Fazenda, do Bloco de
Esquerda.
Tem a palavra, Sr. Deputado.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro, o Decreto-Lei n.º 30/2015, publicado ontem,
prevê a descentralização de competências. Não tem a ver com nenhuma forma de regionalização, nem de
garantir a vinculação ao voto popular, ou com quaisquer competências que tenham a ver com unidades
intermédias administrativas, mas, sim — convém não confundir os conceitos —, com um processo que nem
sequer é de transferência de competências, mas de delegação temporária de competências, mediante um
contrato interadministrativo.