I SÉRIE — NÚMERO 53
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O Sr. Primeiro-Ministro: — Isto é factual, Srs. Deputados! Temos, hoje, mais camas, mais médicos, mais
atos praticados, mais assistência garantida.
Protestos do PCP e do BE.
Mais, Sr. Deputado Ferro Rodrigues: o ajustamento, que foi feito, em termos financeiros — o Sr. Deputado
sabe-o! —, foi garantido, em primeiro lugar, através de fornecedores do Serviço Nacional de Saúde e das
restrições salariais, que foram idênticas na saúde, na educação e em toda a Administração Pública. Estas
foram as poupanças realizadas.
Sr. Deputado, não «misture alhos, com bugalhos» e não queira vir atirar a responsabilidade por problemas
que ainda possam existir no Serviço Nacional de Saúde ao programa de resgate, porque as duas coisas não
estão associadas.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Protestos do PS, do PCP e do BE.
A Sr.ª Presidente: — Dou, de novo, a palavra ao Sr. Deputado Ferro Rodrigues.
O Sr. Ferro Rodrigues (PS): — O debate ainda agora começou e já se passaram aqui duas coisas
absolutamente extraordinárias: a primeira foi o PSD a dizer que quem se engana nas contas é a oposição,
depois de este Governo ter tido oito Orçamentos em quatro anos,…
Aplausos do PS.
… e a segunda foi o Sr. Primeiro-Ministro, depois de na resposta ao PSD ter dito que não vale a pena falar
do passado, porque têm coisas extraordinárias para mostrar na evolução entre 2011 e 2014, à primeira
dificuldade, ter ido logo buscar 2011! Foi logo buscar o passado! É muito engraçado!…
Risos e aplausos do PS.
Sr. Primeiro-Ministro, numa situação que o PS considera desastrosa para o País, a sua Ministra das
Finanças disse que Portugal tinha uma grande coesão social. Também aí, Sr. Primeiro-Ministro, digo-lhe que
ficou posta em causa a dignidade de muitas pessoas que têm sofrido com as políticas deste Governo: as 400
000 pessoas que emigraram; as pessoas que passaram para o desemprego; as pessoas que, embora estejam
empregadas, não têm capacidade para criar conforto para os seus filhos, nas suas casas; as pessoas jovens
que tiveram de regressar para casa dos seus pais; aqueles que, sendo idosos, não têm capacidade para ter
acesso aos serviços de saúde, de que o senhor falou, há pouco, de uma forma tão pouco profunda, nem aos
serviços de justiça, por exemplo. Essas pessoas passam por situações de dificuldade, são tratadas abaixo dos
limiares da dignidade e ficaram certamente feridas na sua dignidade pessoal quando ouviram a Sr.ª Ministra
das Finanças dizer, ao lado do Ministro alemão, que Portugal era um exemplo de coesão social.
Aplausos do PS.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — E é verdade!
O Sr. Ferro Rodrigues (PS): — O Sr. Primeiro-Ministro não falou de algumas estatísticas sobre as
questões da pobreza que saíram depois do nosso debate. Neste momento, há 20% dos portugueses em risco
de pobreza — só em 2012 e em 2013 aumentaram 400 000! Quase metade das famílias monoparentais!
Pode dizer-se que, na questão da pobreza, Portugal recuou cerca de uma década: as desigualdades
aumentaram brutalmente, entre os 20% mais afluentes e os 20% menos afluentes, entre os 10% mais
afluentes e os 10% menos afluentes.