21 DE FEVEREIRO DE 2015
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Sr. Primeiro-Ministro, também saíram indicadores muito preocupantes sobre o investimento, indicadores
que não são do Partido Socialista, são dos empresários, que dizem que as perspetivas de investimento no ano
de 2015 são inferiores às do ano 2014.
O senhor veio aqui, muito contente, com os 0,9% de crescimento do PIB, esquecendo-se de que esses
0,9% estavam já em desaceleração no último trimestre, em termos homólogos, e que foram conseguidos à
custa da procura interna, visto que o saldo externo líquido deu um contributo negativo para o crescimento
económico.
Houve, portanto, um fracasso do modelo da austeridade expansionista, fracasso esse que é sobretudo
medido pelo investimento e pela incapacidade que têm em conseguir que o investimento, mesmo no setor
exportador, mesmo o investimento estrangeiro, mesmo o investimento destinado às empresas portuguesas
que maior dinamismo têm, «levante voo» e crie condições para o futuro.
Tivemos aqui um debate com o Sr. Ministro da Economia que foi muito ilustrativo. Apresentámos várias
propostas e ele não respondeu a qualquer delas.
Os senhores dizem sempre que o PS não tem propostas, mas, quando as tem, recusam-se, pura e
simplesmente, a responder às propostas do PS.
Aplausos do PS.
Sr. Primeiro-Ministro, o seu antigo guru, Vítor Bento, disse, em determinado momento, numa análise muito
interessante sobre os excedentários e os deficitários na União Europeia, que «a justiça do processo de
ajustamento em curso só poderia ser restabelecida com uma transferência efetiva de recursos, e não de
empréstimos, dos excedentários para os deficitários», ou seja, de países como a Alemanha, do norte da
Europa, para países como Portugal e como a Grécia.
O que é que o Sr. Primeiro-Ministro diz a isto? Está contra? Não acha que estar contra esta posição é uma
atitude que também não é digna do ponto de vista político?
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Primeiro-Ministro, tem a palavra.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado, quanto àquela questão acerca das minhas
afirmações a propósito do «custe o que custar», creio que um bocadinho de cuidado no contexto em que as
afirmações foram feitas responderia com muita facilidade ao Sr. Deputado.
Protestos do PS.
Evidentemente, no primeiro caso, estava a referir-me ao esforço que haveríamos de fazer para conseguir
fechar o programa e voltar a página e, no outro, estava a referir-me, num contexto que era muito preciso, a
propósito de custos de financiamento para o Serviço Nacional de Saúde, dizendo que, infelizmente, os custos
contam no sentido em que o financiamento não é infinito. O Sr. Deputado sabe que não é infinito e, portanto,
não vale a pena querer fazer demagogia à volta dessa matéria.
Protestos do Deputado do PS Ferro Rodrigues.
Quanto às perspetivas de investimento para 2015, Sr. Deputado, deixe-me dizer-lhe que já em agosto do
ano passado o INE tinha avançado…
Protestos do Deputado do PS Ferro Rodrigues.
Sr. Deputado, ouça!…
Dizia eu que o INE tinha avançado que havia um indicador dos empresários que previa queda do
investimento até ao final do ano e aconteceu o contrário.