11 DE ABRIL DE 2015
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Por isso, Sr.as
e Srs. Deputados, se não encontrarem outras razões que os encorajem a votar a favor desta
iniciativa, estas duas são ou parecem-nos ser suficientes.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para apresentar a iniciativa do Bloco de Esquerda, tem a palavra a
Sr.ª Deputada Mariana Mortágua.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
Deputadas, Srs. Deputados: «Políticas de
natalidade», «preocupações ambientais» e «visto familiar» foram expressões que ouvimos à exaustão quer
pelo PSD, quer pelo CDS, antes da campanha, durante a campanha e após a campanha, quando já eram
Governo.
O apoio à natalidade, da parte deste Governo, tem-se traduzido em cortes no abono de família, cortes no
RSI, cortes no subsídio de desemprego, precariedade e aumento dos custos escolares.
As preocupações ambientais acabaram inevitavelmente em taxas e taxinhas, nomeadamente nos sacos de
plástico.
O visto familiar do CDS não passa de uma anedota trágica que ficará para a história do partido que não
cumpriu aquilo que prometeu em campanha.
O que aqui propomos não é propriamente inovador, já existe em grande parte dos países e já existiu em
Portugal, mas é desconhecido deste Governo. Refiro-me a esta ideia peregrina de que a política pública
também se faz pela positiva, também se faz incentivando comportamentos e não apenas castigando. Há
outras formas de fazer políticas públicas que não sejam as de aumentar impostos, cortar em apoios sociais ou
cortar nos gastos do Estado.
O fim dos passes com desconto de 50% para jovens estudantes fez com que o peso orçamental dos
transportes tivesse duplicado para muitas famílias, principalmente nos centros urbanos e nas periferias dos
centros urbanos. E isto tem dois resultados separados. Para as famílias que têm carro, compensa usar o
carro. Qual é a consequência? Bom, mais dinheiro, mais gasolina, mais poluição, mais tráfego nas cidades,
mais caos na organização do trânsito.
Para as famílias que não têm carro, o resultado é menos dinheiro para tudo o resto, e o transporte tem um
peso incomportável no orçamento. Uma família com dois filhos que viva na periferia de uma grande cidade
chega a gastar 30% do seu orçamento em transportes. Isto prejudica, sim, outras despesas, isto empobrece
estas famílias.
Por isso, o que aqui propomos é, simplesmente, uma medida de política pública básica: todos os
estudantes têm direito a um passe escolar que lhes permita usar os transportes públicos sem prejudicar o
orçamento das famílias, com vantagens para a sociedade no seu todo, porque promove qualidade de vida,
melhores condições ambientais, coesão social, mobilidade, enfim, há um sem fim de razões pelas quais esta é
uma boa política pública, aliás, é por isso que existe em muitos países e já existiu em Portugal.
O que aqui propomos é tão simplesmente, e é tão óbvio, repor os descontos para os estudantes nos
passes de transportes.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Também para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno
Inácio.
O Sr. Bruno Inácio (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Hoje, estão aqui em debate diversas
propostas, seja do Partido Ecologista «Os Verdes», seja do Partido Socialista, seja do Bloco de Esquerda.
O projeto de lei que o Partido Ecologista «Os Verdes» nos traz apresenta dois grandes argumentos, um
dos quais é falso e o outro é, no mínimo, curioso.
Vozes do PSD: — Muito bem!