16 DE ABRIL DE 2015
31
Respondem que se querem gozar horário de amamentação e aleitamento terão salário cortado, havendo
até patronato que pede declaração médica de como tal é fundamental para a criança. Respondem que, devido
à falta de enfermeiros nos hospitais, não pode haver gozo dos direitos de maternidade e paternidade. Impõem
condições ilegais para que as trabalhadoras não gozem a licença de maternidade na totalidade,
designadamente no setor da hotelaria e restauração. Negam a milhares de trabalhadoras em situação precária
o direito à licença de maternidade.
A violação dos direitos de maternidade e paternidade por parte das entidades patronais é seguramente
uma realidade bem mais grave do que aquela que é possível identificar a partir das queixas formais à
Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego.
O direito das mulheres ao trabalho com direitos e ao direito a ser mãe sem penalizações é parte integrante
das conquistas da Revolução de Abril. O reforço e o cumprimento integral dos direitos de maternidade e
paternidade é uma exigência democrática.
As soluções que hoje aqui trazemos confirmam o compromisso inabalável do PCP na defesa dos direitos
dos trabalhadores e da função social da maternidade, conforme consagrada na Constituição.
Sr. Presidente, Srs. Deputados, propomos o alargamento do tempo de licença obrigatória da mulher de seis
para nove semanas; o alargamento do período de licença de paternidade de 10 para 20 dias facultativos; a
garantia da decisão livre do casal sobre o período do gozo de licença de 150 ou 180 dias, garantindo sempre o
seu pagamento a 100%; a criação de uma licença de maternidade específica de prematuridade paga a 100%;
a garantia da possibilidade de reintegração da trabalhadora grávida, puérpera ou lactante noutra empresa do
grupo em caso de despedimento coletivo; o aumento de 30 para 90 dias anuais, pagos a 100%, nos casos de
assistência a filho com deficiência ou doença crónica; a criação de um plano nacional de combate às
discriminações em função da maternidade e da paternidade, a implementar no âmbito da ação inspetiva e
punitiva da ACT (Autoridade para as Condições do Trabalho) e a contratação efetiva de todos os inspetores de
trabalho necessários, por forma a cumprir os rácios definidos pela Organização Internacional do Trabalho.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Ivo Oliveira.
O Sr. Ivo Oliveira (PS): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Nesta fase do debate, há alguns pontos
que considero importante destacar. Portugal tem, atualmente, uma das mais baixas taxas de natalidade da
Europa e as propostas apresentadas pela maioria não são centrais na resolução deste problema nacional.
Sobre emprego e sobre estabilidade, não há propostas. E ficámos até a saber pelo Sr. Deputado Luís
Montenegro que, para o PSD, não importa sequer o resultado das políticas. O importante é legislar, apresentar
iniciativas e, depois, quanto ao resultado das mesmas, logo se vê.
Aplausos do PS.
Neste caso da natalidade, os mais recentes inquéritos sobre fecundidade do Instituto Nacional de
Estatística e outros que ainda hoje pudemos ver na comunicação social revelam que os custos financeiros são
o motivo mais apontado para não ter filhos.
E o que trouxe este Governo à juventude? Trouxe 35% de desemprego, trouxe emigração, trouxe falta de
perspetivas de futuro, trouxe precariedade e trouxe pobreza.
Aplausos do PS.
Os jovens sabem que, com este Governo, vão ter muitas dificuldades para realizar o seu potencial,
constituir família e ter filhos. Preveem que vão viver pior do que os seus pais e que os seus filhos terão ainda
mais dificuldades do que eles próprios. Assim, não vão, naturalmente, nascer mais crianças.
No caso da saúde, este Governo continuou com as prioridades trocadas: primeiro, os cortes e, depois, as
pessoas. Cortou o dobro do que constava do Memorando da troica, deixou de garantir o acesso universal aos
cuidados de saúde, os tempos de espera aumentaram, a falta de médicos e de outros profissionais de saúde