I SÉRIE — NÚMERO 73
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no SNS foi por demais evidente e instalou-se o caos e o descontrolo nos hospitais, deixando as populações à
beira de um ataque de nervos.
Ainda esta semana, todos vimos mais uma reportagem bem elucidativa — só não viu quem não quis —, um
cenário dantesco, um Serviço Nacional de Saúde em cacos, mais parecendo imagens do terceiro mundo.
Aplausos do PS.
Nas políticas diretas de incentivo à natalidade, este Governo também nada fez. Pior, na função pública,
ainda se pergunta às médicas se querem engravidar, e aumentou a carga horária. Na política familiar, este
Governo agravou fortemente a contribuição direta nas famílias, colocando Portugal no grupo dos quatro países
da União Europeia com maior peso dos pagamentos diretos em saúde.
A igualdade de oportunidades no interior também ainda está para nascer. Hoje, o panorama é de um jovem
para cada três idosos e já se justifica a constituição de uma secretaria de Estado do idoso tanto ou mais do
que uma secretaria de Estado da juventude.
Sinalizamos para este debate a medida emblemática das taxas moderadoras que este Governo aumentou
brutalmente, levando a que muitos portugueses pensassem duas vezes antes de recorrer aos serviços e
cuidados de saúde.
Com um dos projetos de lei que apresentamos, propomos que todo o agregado familiar conte nas regras de
capitação para a isenção, tal como referiu o Provedor de Justiça.
Por fim, que fique claro: nas políticas transversais de natalidade, seja na saúde, na juventude ou na coesão
territorial, temos de mudar de rumo, é urgente mudar de Governo. E não vale a pena estarem agora PSD e
CDS a «chorar sobre o leite que derramaram».
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Machado.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Bem pregam PSD e CDS sobre a
natalidade e a necessidade de proteger as famílias.
O Governo PSD/CDS até criou o visto familiar, apresentado como o garante que as medidas e as opções
do Governo seriam sempre, mas sempre, amigas das famílias portuguesas.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Entretanto, a realidade demonstrou que o discurso não tem qualquer
correspondência com a realidade, uma vez que PSD e CDS passaram quatro anos de desgoverno a impor
sacrifícios às famílias, aumentaram os impostos, cortaram salários, atacaram prestações sociais e atacaram
direitos conquistados.
PSD e CDS passaram, assim, os últimos quatro anos a implementar políticas antifamília e antinatalidade,
pelo que as «lágrimas de crocodilo» hoje vertidas pelo PSD e pelo CDS-PP quanto à natalidade já não
enganam absolutamente ninguém.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Um dos aspetos mais importantes, a par dos salários e da estabilidade no
emprego, para a promoção das condições necessárias para que os portugueses tenham os filhos que querem
e não os que podem ter passa por garantir uma rede de creches pública e a preços acessíveis e pela
eliminação dos cortes e reforço do abono de família.
O PCP volta a apresentar neste debate soluções para estes dois problemas.
O PCP entende que a atual rede de equipamentos de apoio à família revela, de modo claro, a
desresponsabilização do Estado na área social, o que se comprova através do agravamento das
desigualdades no acesso aos equipamentos em função do nível de rendimento das famílias e da região onde
vivem. Com efeito, estes fatores levam a que os valores pagos pelas famílias para terem acesso às creches
sejam verdadeiramente incomportáveis. Uma família com rendimentos médios/baixos pode facilmente chegar
a pagar 200 € ou 300 € por mês.