I SÉRIE — NÚMERO 75
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Mas também por isso, Sr. Deputado, tem mais responsabilidade em dizer um pouco mais do que acusar o
Governo de, ao mesmo tempo, fazer gestão eleitoralista do ciclo político e dizer que quer prosseguir as
políticas de austeridade. Isso, sim, Sr. Deputado, não me parece uma coisa de sanidade política.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Tem, de novo, a palavra o Sr. Deputado Ferro Rodrigues.
O Sr. FerroRodrigues (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, sobre a situação atual da segurança
social, a Unidade Técnica de Apoio Orçamental, da Assembleia da República, veio dizer há poucos dias que
foi a segurança social que deu um contributo positivo para baixar o défice um pouco mais do que se estava à
espera durante este ano. Não quer dizer que não haja problemas para o futuro, mas essa é a realidade dos
factos. Essa e os cortes no investimento público que os senhores fizeram de forma brutal, durante o ano que
passou.
Porém, o senhor nada nos disse sobre um conjunto de questões, como as relativas às despesas sociais e,
sobre as posições do PS em matéria macroeconómica, espere por terça-feira que terá um quadro que poderá
ser bastante útil para o vosso Conselho de Ministros de quinta-feira, visto que será expressa a posição do
Partido Socialista de forma muito desenvolvida.
Sobre as despesas sociais, estamos muito preocupados, sobretudo com a situação na saúde. Nós não
podemos fingir que não vemos nada. Há uma semana, houve uma reportagem na televisão em que foi
demonstrada, em 15 serviços de urgência do País, uma situação de pavorosa indignidade para doentes nas
urgências, fora do inverno e fora do pico da gripe.
Aplausos do PS.
Ou seja: falta de médicos; falta de enfermeiros; desespero por parte dos profissionais, que querem fazer
melhor e não conseguem; excesso de trabalho; 15 hospitais cujo cenário alguns dizem que é de guerra e
outros dizem que é como se tivesse passado um terramoto, uma catástrofe; macas espalhadas por corredores
com centenas de pessoas; falta de higiene; falta de materiais fundamentais. Enfim, uma situação de uma
gravidade horrível.
Espero que o Sr. Primeiro-Ministro, que estava a rir-se, tenha visto esse documentário. É que não é
possível passar um documentário com aquela gravidade e o Primeiro-Ministro não o ter visto, o Ministro da
Saúde não ter feito qualquer comentário e ter posto o Secretário de Estado a dizer o seguinte: «O que nós
vimos foram pessoas bens instaladas. Os serviços de urgência em Portugal funcionam muito bem». Está de
acordo, Sr. Primeiro-Ministro? Não viu o documentário? Não viu a reportagem? Se não viu, é melhor ver e,
depois de ver, tem de nos dizer aqui, da próxima vez, se está de acordo com esta apreciação feita por um
membro do seu Governo.
Os senhores são responsáveis por esta deterioração brutal que se está a passar no Serviço Nacional de
Saúde, por esta indignidade contra a vida das pessoas, por esta desumanização brutal das urgências. É da
vossa responsabilidade!
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Primeiro-Ministro, ainda dispõe de tempo para responder.
Tem a palavra.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Ferro Rodrigues, tenho procurado, em tudo o
que está ao meu alcance, elevar sempre a qualidade do nosso debate parlamentar…
Protestos do PS.