I SÉRIE — NÚMERO 76
14
A Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, o senhor
disse que era mais do mesmo, mas, de facto, não é possível fazer uma reversão imediata de todas as
medidas; não é possível porque isso não seria responsável. A partir do momento em que o Governo se
propusesse fazer a reversão imediata de todas as medidas teríamos impactos imediatos na incapacidade de
financiamento e, Sr. Deputado, se não houver financiamento, não há forma depois de satisfazer essas
promessas.
Eu estranho, até, que os Srs. Deputados digam que se está a querer «dourar a pílula» antes de eleições.
Nós estamos, precisamente, a dizer aos portugueses que os próximos quatro anos vão ser menos difíceis que
os anteriores, mas que não é possível fazer a recuperação toda de uma vez.
Sr. Deputado António Filipe, nunca me ouviu dizer que temos um paraíso ou que agora está tudo bem.
Aliás, tive o cuidado de dizer na minha intervenção inicial que temos, ainda, desafios importantes pela frente.
Os problemas que o País acumulou e que começaram a ser resolvidos em 2011 são, infelizmente, de uma tal
magnitude que não era possível serem resolvidos em quatro anos fosse por quem fosse. Começámos a
resolvê-los, resolvemos o problema de fluxo ou, como se costuma dizer, parámos de cavar, mas ainda é
preciso escalar para fora do buraco que ainda existe e é por isso que nós para os próximos quatro anos temos
de ter, de facto, uma abordagem prudente.
Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, disse que continuamos a descer o IRC para as grandes empresas. Sr.
Deputado, a sobretaxa do IRS vai descer para os particulares, para as famílias, mas a sobretaxa do IRC para
as empresas, que é a derrama, que tem um imposto adicional sobre os lucros de maiores montantes, continua
em vigor e não há nestes documentos qualquer proposta de a reduzir.
Portanto, quando o Sr. Deputado diz que as empresas estão a ser beneficiadas, digo-lhe que as empresas
grandes continuam a ter uma sobretaxa. As PME, efetivamente, que não a têm, beneficiam da descida do IRC
e, naturalmente, o Governo preocupa-se com essas empresas e com as condições que elas têm para criar
emprego e para dar riqueza para as famílias. É que esta falsa dicotomia de que se está a beneficiar as
empresas prejudicando as famílias… Numa economia dirigista talvez as famílias não precisem das empresas,
mas numa economia como a portuguesa precisam, e muito. Nós temos de apoiar as empresas, temos de
acarinhar as empresas, sobretudo as PME, que criam emprego neste País, e isso é que é importante
preservar.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Sr. Deputado, referindo-me à questão dos cofres que estão cheios, direi que é para não termos
necessidade de negociar programas à pressa e para não comprometermos o futuro dos portugueses por não
termos capacidade de encontrar dinheiro para pagar salários e pensões, porque a preocupação com os
desfavorecidos não se faz com retórica, faz-se com ações e com responsabilidade para garantir que a cada
dia 10, a cada dia 20, a cada dia 22, em que há responsabilidades para assumir, temos dinheiro suficiente
para o fazer. E é por isso que, em momentos de grande instabilidade, temos a obrigação de guardar uma
almofada que garanta que isso está sempre assegurado.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Sr. Deputado, nos últimos quatro anos, se há coisa que nós sabemos é o preço de não se ter em atenção
esses cuidados, que infelizmente pagámos todos muito caro e que ainda vai demorar tempo até conseguirmos
livrar-nos de todas as consequências.
O Sr. Deputado referiu-se também à descida ou não da TSU. Mais uma vez, aquilo que o Governo indica
nestes programas é o reconhecimento, do nosso ponto de vista, da importância que tem para a
competitividade a redução dos custos do trabalho. Propomo-nos, entre outras medidas possíveis, considerar a
possibilidade da redução da TSU para as entidades empregadoras beneficiando da cláusula de flexibilidade a
que teremos acesso depois de sairmos do procedimento de défice excessivo. Quer isto dizer, Sr. Deputado,
que não é preciso impor esse custo a outros agentes, aos trabalhadores ou ter outro tipo de impactos se
conseguirmos acomodar isso no défice, tendo em conta a cláusula de flexibilidade, mas para isso
precisaremos, necessariamente, de sair do procedimento de défice excessivo já este ano.