23 DE ABRIL DE 2015
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A Sr.ª Ministra tem de explicar esta opção, tem de explicar por que motivo o Governo tem dois pesos e
duas medidas, por que quer continuar a esmagar com impostos quem vive do seu trabalho ao mesmo tempo
que quer favorecer ainda mais as grandes empresas e os grupos económicos.
Sr.ª Ministra, reconheça que a política fiscal do Governo é uma política de escandaloso favorecimento do
grande capital, à custa do esmagamento dos trabalhadores.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
A Sr.ª Presidente: — Ainda para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Eduardo Cabrita.
O Sr. Eduardo Cabrita (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças, confesso que
fiquei surpreendido com a sua intervenção inicial, que consolida um sentimento de falta de esperança, um
sentimento de derrotismo, um sentimento de tempo perdido que marcam este Programa de Estabilidade.
Aplausos do PS.
Quando a Sr.ª Ministra fala, neste debate bizarro travado por um Governo a poucos meses do final do seu
mandato, daquela que é a expectativa da evolução que desejariam para o País até 2019, aquilo que ressalta,
quer do Programa, quer do debate, é que não tem sentido que este caminho seja continuado, porque este é
um tempo perdido.
A Sr.ª Ministra referiu o relatório da UTAO, e fez bem, mas deveria referi-lo com maior circunstância,
atenção e detalhe, porque o relatório da UTAO, hoje divulgado, diz-nos que a projeção de crescimento prevista
neste Programa de Estabilidade determina que o PIB, em 2015, fique ao nível do PIB de 2001. É este o
resultado de quatro anos do seu Governo: estaremos, em 2015, ao nível do PIB de 2001!
Aplausos do PS.
Mais, Sr.ª Ministra: como é que pode, com esta serenidade, congratular-se com um Programa que coloca o
nível de atividade económica, em 2019, ao nível daquilo que estava em 2008 — é a UTAO que o diz! —, isto
é, antes da eclosão da crise financeira internacional, que a Sr.ª Ministra, aqui, mais uma vez, ignorou, numa
linha isolacionista, por razões de politiquice e partidarite interna, na análise que fez da situação económica
portuguesa?!
Aplausos do PS.
Disse a Sr.ª Ministra que é tempo de falar de emprego. Disse-o timidamente, porque foi essa a variável que
o Governo, nestes quatro anos, nunca soube explicar quando ela cresceu, nem soube explicar, nestes últimos
meses, quando ela infletiu negativamente a sua posição. E, mais uma vez, a UTAO diz-nos que a criação de
emprego prevista até 2018 significa um nível de emprego inferior ao que tínhamos em 2009, antes da crise.
Sr.ª Ministra, como é que admite que a sua expectativa para 2019 seja a de estarmos, nessa altura, pior do
que estávamos em 2009?!
A terceira nota tem a ver com o investimento. Essa é hoje a prioridade da Europa: o programa de
investimento estratégico, a aposta no bom investimento público e no bom investimento privado.
Este Governo não tem um investimento privado significativo de que que se possa orgulhar como marca
deste tempo; aquilo que temos é um investimento ao nível daquele que se registava ao tempo da adesão à
União Europeia. Retrocedemos 30 anos!
Aplausos do PS.
Também aí a UTAO diz-nos que o nível de investimento previsto neste Programa coloca o investimento
público e privado atrás daquele que tínhamos em 2008.