23 DE ABRIL DE 2015
23
Onde o Governo propõe a continuação da submissão às exigências da União Europeia, o PCP propõe a
desvinculação de Portugal do Tratado Orçamental e dos mecanismos da chamada governação económica,
para recuperar e afirmar a soberania nacional.
Onde o Governo propõe o confisco de salários e pensões, o PCP propõe a valorização do trabalho e dos
trabalhadores.
Onde o Governo propõe a reconfiguração do Estado, colocando-o ainda mais ao serviço dos grandes
interesses económicos, o PCP propõe a defesa dos serviços públicos e das funções sociais do Estado.
Onde o Governo propõe a continuação da política de privatizações, o PCP propõe a recuperação do
controlo público dos setores básicos e estratégicos da nossa economia.
Onde o Governo propõe a continuação e o aprofundamento de uma política fiscal de favorecimento do
grande capital, o PCP propõe o alívio da carga fiscal sobre os trabalhadores e o povo, assim como sobre as
micro e pequenas empresas.
As soluções apresentadas pelo PCP são aquelas de que o País precisa. São soluções que servem os
interesses dos trabalhadores e do povo! São soluções que garantem o desenvolvimento económico e social e
que abrem perspetivas de um futuro melhor!
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Tem agora a palavra, para apresentar o projeto de resolução de Os Verdes, o Sr.
Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O Governo passou
quatro anos a falar de «sinais positivos», de «milagres económicos» e de «luz ao fundo do túnel», mas a
verdade é que hoje, quatro anos depois, os portugueses continuam à espera. E, com este Governo, esperar
pelos tais sinais, pelos tais milagres e pela tal luz, é como esperar pelo comboio na paragem do autocarro.
Tal como o comboio que não passa na paragem do autocarro, também as soluções para o País não
passam pelo Programa de Estabilidade que o Governo apresenta.
É um verdadeiro «vale de enganos», como outros o foram no passado. É remeter para o futuro a resolução
dos problemas que este Governo não só não conseguiu resolver, como ainda os agravou durante estes quatro
anos.
E, face ao fracasso das suas políticas, o Governo PSD/CDS-PP promete agora resolver os problemas, mas
quando já cá não estiver.
É estranho, mas é assim.
Mais um engano, como outros no passado, porque este Governo, por diversas vezes, enganou os
portugueses.
E um dos exemplos mais flagrantes foi a expectativa criada de que, findo o Programa da troica, Portugal
reconquistaria a sua soberania e que muitos dos sacrifícios impostos teriam aí o seu fim.
Mas, como vemos, nada disto aconteceu.
Outro engano foi a ideia, que o Governo sempre procurou passar, de que não existiam recursos financeiros
e que, por isso, foi sempre preciso cortar, cortar e cortar. O certo é que esses recursos financeiros existem,
mas o problema é que foram sempre canalizados para os grandes grupos económicos e financeiros, que no
meio de períodos de crise e de enormes sacrifícios impostos ao povo conseguiram ficar permanentemente
salvaguardados, atingindo lucros brutais, enquanto as famílias portuguesas passavam por duras privações
materiais.
A concentração da riqueza numa minoria foi a opção deste Governo PSD/CDS-PP, que cedo deixou de
lado qualquer ideia de justiça social. E foi assim que o Governo hipotecou o crescimento económico, que
gerou um nível de empobrecimento no País muito preocupante, que estrangulou a criação de verdadeiro
emprego e que levou milhares e milhares de jovens a emigrar.
Simultaneamente, a dívida pública, que se pretendia combater e em nome da qual foram impostos os
sacrifícios, não parou de crescer. Portugal paga, em encargos da dívida, qualquer coisa como 7 a 8 mil
milhões de euros anuais. Uma dívida que, nos termos em que está equacionada, não nos permite criar as
condições para o seu pagamento. É por isso que Os Verdes continuam a defender a sua renegociação como