19 DE JUNHO DE 2015
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Reverter esta situação exige duas respostas combinadas: a recuperação económica, especialmente ao
nível do emprego com estabilidade, e a defesa da política de mínimos sociais como instrumento de reequilíbrio
social.
Aplausos do PS.
O segundo eixo central — para nós, decisivo — consiste em diversificar as fontes contributivas para
melhorar a estabilidade da segurança social.
A sustentabilidade económica das empresas, das atividades e dos setores não é compatível como o
agravamento da carga fiscal e contributiva. Não é tempo, pois, para reforçar a carga contributiva sobre a
atividade económica mas, sim, de tornar mais eficaz, equitativo e sustentável o esforço contributivo.
É por isso que defendemos uma diversificação contributiva do lado empresarial que crie e estabilize uma
dimensão de contribuição para a segurança social ao nível do imposto sobre o rendimento das empresas,
paralela ao desagravamento da carga contributiva em matéria de segurança social. Trata-se de uma alteração
que deve ser progressiva e limitada e que pretende atingir três objetivos fundamentais.
Por um lado, queremos adaptar o esforço contributivo das empresas ao seu potencial económico,
desagravando os custos salariais que colocam problemas a muitos milhares de pequenas e médias empresas,
compensando esse desagravamento com a consignação de receitas sobre os lucros de empresas em
melhores condições económicas.
Por outro lado, almejamos diferenciar a carga contributiva em função do nível de utilização do trabalho
precário e de elevada rotação, diferenciando positivamente, em sede contributiva, as empresas com melhores
práticas laborais, penalizando aquelas com recurso excessivo ao despedimento regular e sistemático. Isto
pode ser um importante contributo não apenas para melhorar as relações laborais mas também para reduzir a
despesa da segurança social.
Aplausos do PS.
Queremos estabilizar a receita contributiva que está excessivamente dependente das oscilações do nível e
qualidade das declarações de remuneração, o que representa uma das formas típicas de evasão contributiva.
Em terceiro lugar, pretendemos responder à crise melhorando a base económica da sociedade portuguesa.
As dificuldades estruturais e conjunturais da segurança social não são significativamente distintas daquelas
que marcam a sociedade portuguesa como um todo.
No presente, elas prendem-se com a enorme degradação quantitativa e qualitativa dos nossos sistemas de
emprego. Se o nível de emprego fosse aquele que, nesta Assembleia, há quatro anos, o Governo previa para
2015, tal significaria, apenas na dimensão contributiva, um acréscimo de receita de cerca de 1100 milhões de
euros neste ano. Repito: se as previsões de 2011 para 2015, no que diz respeito ao emprego, feitas pelo
Governo nesta bancada se tivessem concretizado, o nível de receitas da segurança social seria superior em
1100 milhões de euros.
Aplausos do PS.
Do ponto de vista estrutural, a brutal degradação das perspetivas demográficas constitui o maior desafio
colocado à nossa sociedade e, naturalmente, ao sistema de segurança social. Entre o relatório sobre o
envelhecimento de 2012 e o mesmo relatório de 2015, a Comissão Europeia estimou para 2025, para daqui a
10 anos, uma redução da população residente de 900 000 habitantes — quase um milhão de pessoas a
menos, entre dois exercícios de estimativa separados apenas por três anos.
A Sr.ª Hortense Martins (PS): — É para registarem!
O Sr. Vieira da Silva (PS): — E para o mesmo ano, para 2025, prevê-se um aumento em 10% da
população com mais de 65 anos, mais do que era previsto há três anos.