19 DE JUNHO DE 2015
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Penso que também lhe teria ficado bem dizer — mas é natural que cada um se foque naquilo que mais lhe
importa dizer e não estou, sequer, a achar mal isso — que muitas das obrigações que este Governo teve de
resolver ao nível do pagamento da dívida, ao nível das obrigações com os credores, foram deixadas porque
seis anos de Governo do Partido Socialista as criaram.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — E o que é que isso tem a ver com o sistema providencial da segurança
social?
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — O atual Governo governaria muito melhor, como deve calcular, e com
muito mais facilidade, se não tivesse de andar a pagar despesa adiada, que os senhores empurraram, via
dívida, para cima dos contribuintes atuais e das obrigações da atual maioria.
Vozes do CDS-PP: — Bem lembrado!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — E o seu Governo fazia isso, Sr. Deputado, quando congelava
pensões, quando congelava o salário mínimo e quando cortava no abono de família.
Protestos do PS.
Portanto, mesmo num tempo em que o Partido Socialista governava e em que as coisas eram
particularmente mais fáceis, porque não tinha tantas obrigações geradas por governos anteriores nem estava
perante um cenário internacional tão adverso, o Partido Socialista também fez as suas escolhas, Sr.
Deputado, que também não foram, certamente — até para quem teve de as assinar —, escolhas fáceis.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Penso que concordará comigo em relação a isto.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Dito isto, a solução que o Partido Socialista apresenta é curiosa.
O Sr. Deputado Vieira da Silva, ali da tribuna, disse que a solução para a segurança social não é aumentar
as receitas de uma forma tributária. Mas momentos antes tinha dito que se devia resolver o problema da
segurança social tributando mais, ou de uma forma diferente, de uma forma mais eficaz, em sede de IRC e
colocando receita do IRC nas contas da segurança social.
Mesmo assim, Sr. Deputado, considerando que as pensões de hoje são pagas com os descontos de hoje,
e, aliás, é por isso, que o desemprego e a emigração têm impacto sobre a segurança social, porque se a saída
de pessoas de Portugal, por razão alguma, não tivesse impacto nas contas de hoje, no futuro, quando fossem
reclamar a sua reforma, também seriam atuarialmente compensadas por essa sua saída e, portanto, o efeito
seria nulo na segurança social, se hoje se propusesse, como o Partido Socialista propõe, cortes de 600
milhões, de 800 milhões — creio que, a partir de 2018 até 2026, um acumulado de 14 000 milhões de euros
nas receitas da segurança social —, para dizer depois que essas pessoas ao reformarem-se recebem menos,
Sr. Deputado, há aqui alguma coisa, nesta conta, que não bate certo.
Admito que seja da minha parte, porque sei que estou a falar com quem conhece as contas da segurança
social como ninguém, mas permita-me dizer que quando o Partido Socialista saiu do Governo o País estava a
crescer em anemia e em divergência com a União Europeia há uma década, pelo menos.
Todos os anos em que o Partido Socialista esteve no Governo, o desemprego estava a crescer. Hoje, a
economia cresce acima da média da União Europeia, portanto, já convergimos para a média europeia, o
desemprego desce e o emprego sobe — para não dizer que é o efeito da emigração — e o País, portanto, nas
contas da segurança social, pode olhar para o futuro com muito mais esperança do que podia em 2011.