I SÉRIE — NÚMERO 101
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negociar, mais ainda com os credores internacionais, um Memorando assinado e negociado pelo anterior
Governo do Partido Socialista e a imposição externa dos credores. Foi muito por aí que andou o primeiro
debate desta Legislatura.
Na altura, Sr. Primeiro-Ministro, pelos vistos como agora, a maioria mostrava-se consciente das
dificuldades e dos desafios que enfrentava, mas depositava esperança na possibilidade de Portugal e de os
portugueses serem capazes de dar a volta a este período difícil da história do País. Já o discurso da oposição,
revisitando esse primeiro debate, era precisamente igual ao de hoje. Diziam que Portugal não ia ser capaz,
que não ia conseguir, que precisávamos de mais tempo e mais dinheiro, que o segundo resgate seria
inevitável e que seria uma questão de dias, semanas, meses.
Sr. Primeiro-Ministro, quatro anos depois, muitos debates depois, é preciso dizer claramente à oposição
que Portugal e os portugueses, para sua grande tristeza, foram capazes.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Foram capazes de cumprir o Memorando com um só resgate, um só
empréstimo, um só prazo e sair sem qualquer programa cautelar, cumprindo a meta do défice abaixo dos 3%
com a qual se comprometeu e ainda reembolsando os credores com juros mais favoráveis em relação àqueles
que o anterior Governo socialista poderia conseguir.
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Bem lembrado!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Mais: começámos a crescer e a criar emprego de forma sólida e
sustentada e, com isso, naturalmente, baixámos a taxa de desemprego.
De facto, Sr. Primeiro-Ministro, desde o primeiro debate, que foi em 2011, até ao último, o de hoje, quase
tudo parece ter mudado, exceto a oposição, que continua a não confiar na capacidade de Portugal e dos
portugueses.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Portugal, só no primeiro trimestre de 2015, criou mais emprego,
como disse, que a média da União Europeia e muito mais que a média da zona euro; exportou mais e para
mais sítios do que no ano passado, que já de si foi o melhor ano de sempre; produziu mais do que há um ano,
com números muito idênticos a 2000; registou um índice de confiança maior relativamente à anterior década; a
procura de fundos comunitários, resultante desta confiança, é três vezes superior à oferta, sendo que há uma
oferta de 1000 milhões de euros e há 3000 milhões de euros de propostas; e o investimento, com este
crescimento e com esta confiança, é o melhor de há 17 anos a esta parte, ou seja, desde 1998.
Por isso, Sr. Primeiro-Ministro, é bom recordar que é evidente que ainda suscitam dificuldades e é evidente
que, de 2011 para 2015, muito mudou, mas é preciso continuar este caminho, não deitar tudo a perder, porque
estou certo de que ninguém quererá regressar ao défice, à dívida e à bancarrota.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Sr. Primeiro-Ministro, a verdade parece ser esta: se ainda há muito a fazer, há, sobretudo, muito que
poderemos perder se não tivermos a responsabilidade de não deixar de fazer o que tem de ser feito em prol
do interesse nacional.
Tudo isto foi possível — mérito de Portugal e dos portugueses — sem uma única contribuição da parte da
oposição. Do primeiro ao último minuto, a oposição pareceu sempre desejar que Portugal e os portugueses
não fossem capazes. E há dois exemplos que demonstram isso: a saúde e a TAP.
Quanto à saúde, os Srs. Deputados da oposição, que gostam muito de relatórios, salientaram um relatório
dos últimos dias de uma instituição nacional. Não vou pôr em causa sequer quem preside ou a forma como
preside, mas não deixa de ser extraordinário que não há uma única palavra em relação a um relatório da
OCDE que também foi publicado há bem pouco tempo.