I SÉRIE — NÚMERO 101
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Quanto à questão dos transportes urbanos privados, tendo falado em mais negociatas — a Sr.ª Deputada
está a tornar-se muito monotemática, mas, enfim, é a sua opção —, quero dizer-lhe que, nestes quatro anos,
procurámos fazer um saneamento operacional das empresas públicas na área dos transportes, onde têm um
peso grande, como é evidente, os transportes urbanos. Nós conseguimos que o resultado operacional destas
empresas passasse de cerca de 156 milhões de euros negativos, em 2010, para 57,5 milhões de euros
positivos, em 2014. Houve, portanto, uma melhoria do resultado operacional destas empresas. O resultado
global é diferente por causa das responsabilidades financeiras. Quer dizer, a função financeira prejudicou o
desempenho do resultado global das companhias. Mas nós já sabemos como o resultado financeiro prejudica
a função nacional. Estamos a resolver, de cada vez, um bocadinho desse problema. Mas não há dúvida
nenhuma de que essas empresas públicas — são concessões públicas — melhoraram o seu resultado
operacional.
O Governo decidiu que iria fazer subconcessões dessas empresas. E decidiu-o há muito tempo, com toda
a transparência. Está no nosso programa de transportes, no Programa do Governo, foi assumido por um
Conselho de Ministros há pelo menos dois anos e tem vindo a ser preparado: a fusão da REFER e da
Estradas de Portugal, em termos de infraestruturas, e, depois, da Metro do Porto com a STCP e da
Metropolitano de Lisboa com a Carris. Os processos de subconcessão estão a decorrer com normalidade,
apesar de haver muita gente que não quer. Por exemplo, os trabalhadores do metro já vão na sétima greve,
em Lisboa, este ano — na sétima! E invocam o interesse dos passageiros — imagine, dos passageiros! —
para fazerem as greves.
Risos do PSD e do CDS-PP.
Protestos do PCP e do BE.
Já toda a gente percebeu que quando a subconcessão estiver feita acabam as greves. Estas greves
acabam e passarão a existir as greves que são as devidas, as que não são de natureza política.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — E é por isso, Sr.ª Deputada, que os portugueses não subscrevem aquilo que a
senhora diz, sobretudo os que vivem em Lisboa, porque esses estão fartos das greves políticas…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Aí, sim, há negociatas!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … que são feitas nos transportes urbanos de Lisboa.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — A Sr.ª Deputada Catarina Martins pediu ainda a palavra. Para que
efeito?
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Presidente, queria interpelar a Mesa para pedir a distribuição de um
documento.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Tem a palavra exclusivamente para isso, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Presidente, a divergência política entre mim e o Primeiro-Ministro é
clara. Não falei de um ajuste direto nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo por opinião pessoal, ou seja, é
mesmo o que está em Diário da República. Portanto, peço que se faça distribuir a Resolução do Conselho de
Ministros n.º 35-A/2015, de 8 de junho, com o ajuste direto à empresa privada que comprou os Estaleiros
Navais de Viana do Castelo no valor de 77 milhões de euros.