20 DE JUNHO DE 2015
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Mas refiro estes dados apenas para pôr em contexto o facto de, hoje, Portugal ser visto como uma
economia que está a recuperar e como um País que, tendo ganho credibilidade, consegue posicionar-se no
coração da Europa como merecedor de confiança.
Numa altura em que tantas incertezas pairam na zona euro e, portanto, também na União Europeia, julgo
que é de valorizar o facto de Portugal poder ser encarado como um País que não será apanhado
desprevenido pela incerteza e pela materialização de riscos na zona euro, na medida em que está prevenido,
do ponto de vista do encaixe financeiro, para fazer face, durante bastante tempo, a qualquer volatilidade dos
mercados, mas também porque Portugal é visto como um parceiro de confiança que estará, seguramente,
dentro da zona euro, abrangido pelos mecanismos de defesa da zona euro, que nunca deixarão de ser
acionados em caso de necessidade.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Ora, julgo que é razoável, Sr.as
e Srs. Deputados, que se possa aqui recordar que isto não acontece por
acaso.
O Sr. Adão Silva (PSD): — É verdade!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Ora!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Se o Governo, em muitas circunstâncias, tivesse decidido, como era
reclamado por alguns, adotar uma posição de maior facilidade, fosse relativamente às políticas que haveriam
de garantir uma desvalorização interna, que nos garantiria o ajustamento necessário, fosse relativamente às
políticas orçamentais, que nos haveriam de garantir excedentes primários — que evidenciam com muito vigor
que Portugal está no caminho certo para ver reduzido não apenas o stock de dívida, mas também o rácio de
endividamento público e privado —, provavelmente, estaríamos hoje em condições de grande ansiedade.
Vozes do PSD: — Ora!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — É, portanto, nos momentos de maior incerteza que mais se deve valorizar
aquilo que é a segurança, a prudência, a confiabilidade das políticas que foram prosseguidas.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Hoje, sabemos que, ao contrário do que aconteceu em 2010, quando a Grécia, pela primeira vez, teve
necessidade de pedir ajuda externa e quando o relógio começou a contar para que outros países se
seguissem nesse pedido de ajuda externa, por não terem condições de aceder aos mercados e não poderem
honrar os seus compromissos por via disso, ao contrário desse cenário de 2010, apesar de ninguém desejar
esta incerteza e estes riscos, na verdade, a zona euro exibe uma condição de resiliência muito maior, com
Portugal ou a Irlanda a não estarem desesperados, inquietos, ansiosos por saber quanto tempo demorarão a
ter de pedir ajuda externa se algum risco, nomeadamente do lado da Grécia, se vier a materializar.
Concluo, Sr. Presidente e Srs. Deputados, dizendo que aquilo que estamos hoje a viver não é,
seguramente, um cenário desejável nem para a estabilidade da zona euro nem da Europa, nem, portanto, dos
portugueses. Mas é preciso vincar que, se hoje encaramos essa incerteza e esses riscos com maior
segurança e com maior confiança, isso deve-se a um trabalho de preparação que não foi feito há meio ano
mas que começou há quatro anos.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.