27 DE JUNHO DE 2015
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A Sr.ª Elsa Cordeiro (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Começo a minha intervenção por
cumprimentar as cidadãs e os cidadãos que subscreveram esta petição e que se têm mantido heroicamente
nas galerias durante esta manhã que já vai longa.
Trata-se de um ato de cidadania e de grande coragem. A petição em apreço tem como finalidade a
manutenção dos partos na água no Hospital de São Bernardo, em Setúbal, mas também pretende a extensão
desta opção de parto a outros hospitais públicos.
Importa, desde já, que como relatora desta petição esclareça o seguinte: em primeiro lugar, a minha
concordância e a do Grupo Parlamentar do PSD, o qual represento, sobre o direito de opção e escolha das
futuras mães e pais como e onde se irá realizar o parto; em segundo lugar, concordamos que têm de ser
respeitados os direitos da mulher grávida no momento do nascimento, preservando o direito à vida e à
privacidade.
Mas, em nosso entender, por um lado, estes direitos não podem entrar em confronto com quem é
responsável pelo procedimento clínico em causa, e, por outro lado, também não temos a certeza absoluta da
existência de evidências científicas sobre a eficácia, a eficiência e a segurança dos partos na água.
É isto que nos diz a Direção-Geral de Saúde e o Colégio da Especialidade de Ginecologia e Obstetrícia da
Ordem dos Médicos. Mas, mais uma vez, esta opinião não é consensual, uma vez que não é acompanhada
pela posição da mesa do Colégio da Especialidade de Enfermagem da Saúde Materna e Obstétrica, que
fundamenta que existem estudos disponíveis sobre benefícios inequívocos do uso da imersão em água
durante o parto, tanto para a parturiente como para o recém-nascido e que, para a prática de um parto ou
parto na água, não é necessária a presença de um médico.
É nesse sentido que termino a minha intervenção, dizendo, claramente que o que mais importa, quando se
aprecia um tema tão complexo e multifacetado como é o da realização de partos na água, é garantir a
segurança materna e infantil, cabendo aos especialistas encontrar, em cada momento, as melhores soluções a
esse respeito.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Também para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Aiveca.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Começo por dirigir uma saudação
aos peticionários e peticionárias pelo exercício democrático e de cidadania que representa sempre a
apresentação de uma petição. Esta petição sobe a Plenário, porque tem cerca de 5000 assinaturas e,
portanto, obriga a esta discussão.
A petição versa, como já aqui foi dito, sobre a manutenção dos partos na água no Hospital de São
Bernardo e o seu alargamento a outros hospitais.
O parto na água faz parte da promoção do parto normal, aconselhado pela Organização Mundial de Saúde,
no entanto creio que a questão principal que devemos aqui discutir é exatamente o princípio do direito
democrático e de opção das mulheres ou/e dos casais relativamente à forma como querem ver nascer os seus
filhos e filhas, e esta opção está consagrada na Lei de Bases da Saúde e no nosso ordenamento jurídico
maior, que é a Constituição da República Portuguesa.
Pese embora a controvérsia técnica, se assim quisermos, que existe sobre este problema, bem expressa
nos pareceres que estão apensos à petição, creio que esta petição nos convoca para uma reflexão sobre a
temática.
O que conhecemos é que a experiência em Setúbal foi positiva, todavia estendê-la a outros hospitais
carece de um aprofundamento desta discussão e, por isso, a petição tem o sentido muito importante de
convocar os profissionais, os responsáveis, as organizações para o debate.
Creio que essa é a responsabilidade do Parlamento e do Governo, através do Ministério da Saúde, bem
como das organizações dos profissionais e dos colégios de especialidade.
Portanto, entendemos que este tema não deve ficar por esta petição, a sua discussão deve prosseguir quer
no Parlamento, quer nos órgãos competentes para que, assim, possamos também contribuir para a promoção
do parto normal.
Aplausos do BE.