24 DE MARÇO DE 2016
7
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — É preciso descaramento!
A Sr.ª Carla Barros (PSD): — Oiçam, Srs. Deputados.
Os senhores são incapazes de reconhecer a felicidade e a alegria desta mulher que, ao entrar neste
programa, melhorou as suas competências pessoais, sociais e profissionais,…
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Carla Barros (PSD): — … tendo sido este mesmo programa que lhe permitiu ir a uma entrevista
nessa mesma IPSS, que abriu mais uma valência e precisou de a contratar.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Deveria era ter um salário digno!
A Sr.ª Carla Barros (PSD): — Sr.as e Srs. Deputados, esta mulher e milhares de mulheres arranjaram
emprego nos últimos quatro anos.
Vejamos, por exemplo, também, o caso dos estágios profissionais que V. Ex.ª acabou de referir.
O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, já terminou o seu tempo, mas, como é habitual nestas circunstâncias,
o tempo que ultrapassar vai ser descontado no tempo atribuído ao seu partido.
A Sr.ª Carla Barros (PSD): — Termino, Sr. Presidente.
Como eu dizia, VV. Ex.as são incapazes de reconhecer aqueles jovens que encontraram essa primeira
oportunidade no mercado de trabalho e que só aí tiveram oportunidade de adquirir competências que a escola
até aí não lhes tinha fornecido.
Por isso, Sr. Ministro, quero dizer, com toda a franqueza, que o Governo do Partido Socialista se apresenta
neste debate como uma espécie de vaidade intelectual, uma vaidade vazia, pouco pragmática e a minha
esperança, a esperança dos trabalhadores, das empresas e das suas famílias é a de que, efetivamente, este
cenário mude e que os senhores se apresentem no debate, nesta Câmara, com a vontade de criar mais
emprego e, sim, também melhor emprego.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado José Soeiro.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Sr. Presidente, Sr. Ministro do Trabalho e da Segurança Social, se
dúvidas houvesse a última intervenção esclareceu-nos, a precariedade, de facto, não foi um acaso, nem é
uma fatalidade, foi uma estratégia, muito concreta, para reduzir os custos do trabalho, para aumentar a
exploração no trabalho, para aproveitar o desespero e a falta de oportunidades, para impor uma selva, foi isso
que foi a precariedade.
Aplausos do BE.
A precariedade, Sr. Ministro, é uma chantagem: «Não queres? Há mais quem queira!». A precariedade é
uma mordaça: «Não é justo? O melhor é estares caladinho!». A precaridade, Srs. Deputados, é uma violência:
«Põe a saia, porque os clientes gostam de ver-te as pernas!». A precariedade, Srs. Deputados, é um roubo:
«Trabalho temos, não temos é salário para lhe pagar. Não aceita um contrato emprego-inserção? Ou um
estágio não remunerado?». Esta é a precariedade com que vivemos no nosso País, é o medo como
normalidade, é uma geração inteira que não sabe, que nunca conheceu, o que é um contrato de trabalho, o
que é ter direitos ou proteção social.
Vozes do BE: — Bem lembrado!