8 DE OUTUBRO DE 2016
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O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, está aberta a sessão.
Eram 10 horas e 6 minutos.
Peço aos Srs. Agentes da autoridade o favor de abrirem as galerias.
A nossa ordem do dia tem como único ponto a interpelação n.º 7/XIII (2.ª) — Sobre políticas para a deficiência
(BE).
Lembro que, no final do debate, haverá votações regimentais.
Assim sendo, para intervir, na abertura da interpelação, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Falcato Simões.
Neste momento, o Deputado Jorge Falcato Simões (BE) dirigiu-se para a tribuna, deslocando-se em cadeira
de rodas, e utilizou pela primeira vez plataformas elevatórias para deficientes motores, tendo-se registado um
pequeno incidente.
Pausa.
Sr.as e Srs. Deputados, apesar do pequeno incidente que acabou de ter lugar com as plataformas elevatórias,
quero sinalizar este momento simbólico, que é do maior relevo para o nosso Parlamento.
Acabámos de contribuir para superar mais uma barreira arquitetónica e, com isso, poder assegurar que,
todos diferentes, todos iguais, todos possamos assumir, em plenitude, os direitos da nossa cidadania.
Que o exemplo de superação da barreira arquitetónica que acabou de ter lugar possa servir para as demais
entidades públicas do nosso País e, igualmente, entidades privadas, como incentivo para que todos possamos
concorrer de forma a garantir o pleno exercício de direitos, sem discriminações de qualquer espécie, a todos os
cidadãos.
Bem-haja, Sr. Deputado Jorge Falcato. O seu exemplo, a sua determinação e a sua obstinação são um
exemplo para todos os Deputados desta Casa.
Aplausos gerais.
Sr. Deputado, é com muito gosto que lhe dou a palavra para iniciar a interpelação do Bloco de Esquerda ao
Governo.
O Sr. Jorge FalcatoSimões (BE): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados:
Antes de mais, quero saudar todas as pessoas com deficiência e famílias que vieram assistir a este debate.
Como é bom estarmos cá e como é importante continuarmos cá. Como é fundamental que sejamos cada vez
mais, mais visíveis, mais presentes, mais conscientes dos nossos direitos.
Obrigado.
Aplausos do BE, do PS, do PAN e de Deputados do PSD.
Falar de deficiência é falar de pessoas, é falar de pessoas que são segregadas, excluídas e discriminadas
por serem diferentes da norma, que sobrevivem com pensões de miséria que mais parecem esmolas e que
estão, na sua maior parte, dependentes do apoio familiar, que não se casam porque, se o fizerem, perdem o
direito à pensão.
São raparigas esterilizadas sem o seu conhecimento e muito menos o seu consentimento. São crianças e
jovens a quem é negada uma verdadeira educação inclusiva. São pessoas que estão fechadas em casa, sem
direito à fruição das cidades ou que se esgotam na ultrapassagem de barreira após barreira. São pessoas que
não conseguem comunicar com o médico na urgência de um hospital, porque a sua primeira língua é a Língua
Gestual Portuguesa. São pessoas que esperam meses por uma cadeira de rodas a que têm direito por lei ou,
então, têm de recorrer à vergonha das tampinhas ou das festas caritativas de aldeia. São os cegos que desistem
da hipótese de ter um cão-guia porque não têm como o alimentar. São famílias em que alguém tem de deixar