I SÉRIE — NÚMERO 10
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As referidas medidas enquadram-se no âmbito de uma estratégia mais vasta, que denominámos agenda
para a inclusão das pessoas com deficiência e que irá, brevemente, substituir a Estratégia Nacional para a
Deficiência, que findou em 2013.
Com este impulso reformador, esperamos contribuir para a melhoria da qualidade de vida, para a promoção
de uma vida autónoma e para a efetivação dos direitos e participação plena destas pessoas na sociedade e em
particular nas suas comunidades de pertença.
É esta a nossa visão, é este o nosso objetivo: trabalhar com todos para uma sociedade que integre a
diferença e que valorize a diferença para poder ser mais igual.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Srs. Deputados, passamos à fase de debate, começando pelas perguntas
que serão dirigidas ao Sr. Deputado Jorge Falcato, para o que se inscreveram três Srs. Deputados.
Entretanto, o Sr. Deputado Jorge Falcato informou a Mesa de que deseja responder em conjunto.
Assim sendo, para fazer perguntas, tem a palavra a Sr.ª Deputada Diana Ferreira.
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Sr. Presidente, desde já, gostaria de começar por saudar o Bloco de
Esquerda pelo tema que traz hoje aqui a debate, pela reflexão que nos convoca a fazer sobre esta matéria,
saudando também todas as pessoas que estão presentes a assistir a este debate e saudando as organizações
das pessoas com deficiência pelas ações e pelas lutas que têm desenvolvido na defesa dos direitos das pessoas
com deficiência.
Aplausos do PCP.
O Sr. Deputado Jorge Falcato interveio sobre as questões da vida independente, sendo esta uma matéria
que o Bloco de Esquerda tem trazido para a discussão.
Também o PCP tem intervindo sobre essa matéria. Aliás, apresentou uma iniciativa legislativa nesta Casa
— que, infelizmente, foi rejeitada pela maioria PSD/CDS na anterior Legislatura — em que propúnhamos
exatamente a criação de um projeto-piloto para um regime de apoio à vida independente em articulação e com
o envolvimento das organizações das pessoas com deficiência para que fossem definidos os objetivos, os
critérios, os tipos de resposta, a quantidade de apoios, a natureza dos apoios e os procedimentos e até a
possibilidade de existência de uma futura prestação social de apoio à vida independente para as pessoas com
deficiência agravada e com reduzida autonomia.
Propúnhamos também nessa iniciativa a criação de um serviço-piloto de assistentes pessoais, com formação
em várias áreas, designadamente assistência pessoal para cuidados de higiene e cuidados pessoais, de
serviços domésticos, de serviços sociais, designadamente no que se refere ao apoio ao emprego, no acesso a
equipamentos de desporto, de cultura, de lazer e no desenvolvimento da vida social, aliviando, assim, a pressão
que existe sobre os membros da família, tal como o Sr. Deputado referiu da tribuna, e sobre outros prestadores
de cuidados informais que, muitas vezes, tendo de prestar apoio aos familiares com deficiência, ficam
impossibilitados de desenvolver uma atividade profissional.
Fizemo-lo porque, no nosso País, o direito a uma vida autónoma, a uma vida digna e independente é negado
a milhares de pessoas com deficiência e porque entendemos que a construção de uma sociedade que garanta
a inclusão social e a integração exige medidas concretas que permitam às pessoas com deficiência viver com
dignidade nas suas próprias habitações e participarem na vida das suas comunidades, junto da sua família,
junto dos seus amigos, promovendo a sua autonomia e independência e, desta forma, permitindo que muitas
pessoas com deficiência possam trabalhar sem recorrer ao auxílio da família e que outras consigam aceder ao
emprego, que consideramos um aspeto central para a dignidade do ser humano.
Sr. Deputado, falou-se sobre programas e projetos-piloto para a vida independente, mas importa também
saber a opinião do Bloco de Esquerda sobre quais os passos que têm de ser dados para que os projetos-piloto
passem a ser uma realidade na vida de todos os dias das pessoas com deficiência. É isso que se pretende de
um projeto piloto, isto é, que, partindo de uma experiência, se alargue e se torne uma realidade decente na vida
destas pessoas, aliás, um direito inalienável.