13 DE OUTUBRO DE 2016
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Deste modo, o Relatório é deficiente quanto aos factos e tendencioso quanto ao tom político e não pode
obter a aprovação do Grupo Parlamentar do PSD.
Esta CPI e o seu Relatório foram uma oportunidade perdida, cuja única vantagem foi a de observar os
partidos da extrema-esquerda radical, aqueles que se notabilizavam por fazer uma luta sem quartel contra o
capital e contra a banca privada — ainda me lembro de o Dr. Louçã nem conseguir dizer «banca», dizia a
«baaanca», tal era o furor que tinha nesse momento — e que contradisseram, nesta Comissão Parlamentar de
Inquérito, através das suas palavras e das suas ações, tudo aquilo que diziam a propósito da banca privada.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Que triste figura!
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — E nisso consistiu a maior curiosidade desta Comissão de Inquérito.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem, agora, a palavra, em nome do Grupo Parlamentar do
Partido Socialista, o Sr. Deputado Carlos Pereira.
O Sr. Carlos Pereira (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Sr. Deputado Carlos Abreu Amorim,
depois de ouvi-lo, a primeira pergunta que gostaria de fazer a si, aos Deputados do PSD e também aos
Deputados do CDS, é se leram o Relatório do Sr. Deputado Eurico Brilhante Dias. Estou certo, não tenho
qualquer dúvida, que todos os Srs. Deputados leram o Relatório. Estou certo que o leram. Só não compreendo
por que é que os senhores não estão corados de vergonha perante todas as responsabilidades factuais que
estão implícitas naquele Relatório.
Aplausos do PS.
Sr. Deputado Carlos Abreu Amorim, parece inacreditável que o Sr. Deputado consiga fazer, na sua
intervenção, um chorrilho de fantasias, sendo que a mais inacreditável é aquela em que diz que um dos
responsáveis por este processo é só o Sr. Ministro das Finanças do Governo do PS, que esteve três meses com
o processo — três meses, Sr. Deputado!
Risos do PSD.
Isto é absolutamente inacreditável! Inacreditável!
Portanto, Sr. Deputado Carlos Abreu Amorim e Srs. Deputados do PSD, qual foi a parte da história que os
senhores ainda não compreenderam para não perceberem que a grande responsabilidade, a grande
responsabilidade no caso BANIF é, obviamente, do Governo de coligação PSD/CDS?!
E, Sr. Deputado, para não ir ao extenso e profundo Relatório do Sr. Deputado Eurico Brilhante Dias, queria
só ler-vos parte de uma notícia de junho de 2016, aliás de um jornal completamente insuspeito e cujo título é
muito elucidativo. O título diz «Caso BANIF – Bruxelas arrasa atuação do Governo de Passos Coelho». Não foi
o Governo do Partido Socialista, não foram os Deputados, nem sequer foi a Comissão de Inquérito, é Bruxelas
que arrasa a atuação do Governo de Passos Coelho!
E, se quiser, podemos continuar e ler parte da notícia, que diz: «Vestager faz questão de deixar claro o
desagrado da Comissão Europeia em relação à forma como o Governo de Passos lidou com o BANIF. De resto,
a Comissária frisa que tinha já demonstrado este descontentamento a Maria Luís Albuquerque».
Ora, nós sabemos que a Sr.ª Deputada Maria Luís Albuquerque se esconde sempre na última fila do Plenário,
mas está na primeira linha de responsabilidades deste processo do BANIF — todos nós sabemos disto, o País
sabe disto e toda a gente sabe disto!
Aplausos do PS.
Protestos do PSD, batendo com as mãos nos tampos das bancadas.