13 DE OUTUBRO DE 2016
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O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — O grande paradoxo aqui é ver um partido como o Partido Ecologista
«Os Verdes» a preferir o betão a casas ecologicamente sustentáveis, preferir o cimento a investimentos que,
hoje, estão efetivamente a prestigiar a região e o País.
Aplausos do CDS-PP.
Protestos de Os Verdes.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira,
de Os Verdes.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Deputado António Costa Silva, não vou tecer
nenhuns comentários, mas o Sr. Deputado falou de tudo menos do que interessava. Até veio para aqui com as
águas do Cardal, que não têm nada a ver com o assunto!
Deixe-me fazer-lhe só uma correção, a si e ao Sr. Deputado Pedro Mota Soares: o aditamento ao contrato é
de 2012, com o Governo PSD/CDS. Tenho aqui uma cópia que lhes posso facultar, se leram mal a data.
Foi nesse aditamento que os postos de trabalho deixaram de ser 110 e passaram a ser 58. E, mais, Sr.
Deputado, já que diz que só no final do contrato é que isto tem de ser aferido, deixe-me dizer-lhe que os senhores
fizeram um aditamento ao contrato em 2012 em que diziam: «A UNICER compromete-se a criar 58 postos de
trabalho até 31 de dezembro de 2011».
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Ora bem!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Está a ver qual é a dimensão disto?!
Sr. Deputado, um hotel foi trocado por eco houses. Não sei onde é que isso está escrito, mas, de facto, as
eco houses lá estão. Bastaria pintá-las de verde para afastar o tal paradoxo a que se refere.
Mas, Sr. Deputado, não falou do outro hotel. A UNICER comprometeu-se a construir dois hotéis. Um foi
trocado pelas eco houses. E o outro? Pois, não diz! Está lá às moscas!
Sr. Presidente, vou terminar dizendo que se o Estado cumpriu com a sua parte, e não foi pouco, em termos
de benefícios fiscais e de incentivos financeiros, a UNICER também terá de cumprir. Não é aceitável que uma
empresa se instale, faça o que entenda com o projeto e com os compromissos assumidos com o Estado e se
limite a levar um bem da natureza tão singular e único como são as águas gasocarbonatadas e medicinais das
Pedras Salgadas, deixando as populações de Pedras Salgadas à sua sorte.
Aplausos de Os Verdes e do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Srs. Deputados, vamos entrar no último ponto da nossa ordem
de trabalhos, que diz respeito à apreciação do Relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito ao Processo que
Conduziu à Venda e Resolução do Banco Internacional do Funchal (BANIF).
Para iniciar este ponto da ordem de trabalhos, tem a palavra o Sr. Presidente da Comissão Parlamentar de
Inquérito, Deputado António Filipe, do PCP.
O Sr. António Filipe (PCP) — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Naturalmente que se justificam da
minha parte umas breves palavras, na medida em que caberá certamente aos grupos parlamentares exprimirem
as suas opiniões acerca do conteúdo apurado por esta Comissão Parlamentar de Inquérito.
Da minha parte, queria apenas dizer que me senti honrado pelo facto de ter presidido a esta Comissão
Parlamentar de Inquérito e considero que foi inteiramente justa a decisão tomada pela Assembleia da República
de constituir esta Comissão, tratando-se de um caso que custou muito dinheiro aos contribuintes portugueses,
de mais um caso de um banco português que passou para as mãos de um banco estrangeiro em condições que
importava esclarecer devidamente para que os portugueses e a Assembleia da República pudessem apurar
todos os factos que rodearam esta situação do BANIF e para que pudessem ser apuradas todas as
responsabilidades políticas pelas decisões que foram tomadas.