I SÉRIE — NÚMERO 17
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os representa na oposição. E há uma leitura possível destes resultados eleitorais — o Sr. Deputado não o disse,
mas convém lembrar: nestas eleições, o Partido Socialista perdeu um Deputado, enquanto o CDS-PP ganhou
um Deputado.
No nosso entendimento, como compreenderá o Sr. Deputado, a Região está no caminho certo, mas convém
acelerar o ritmo, ou seja, convém reforçar a oposição, neste caso a oposição do CDS-PP, e reduzir a força do
Partido Socialista, porque a força política que esteve no Governo não foi suficiente para cumprir os anseios dos
açorianos. Assim será feito, democraticamente, na próxima Legislatura, na Assembleia Legislativa Regional.
Também nesta Câmara podemos fazer alguma coisa pelos Açores e, por isso, para além da saudação
democrática, deixava-lhe uma questão, Sr. Deputado, porque os problemas surgem a cada momento.
Como sabe, os estudantes açorianos tinham a possibilidade de transportar 10 kg adicionais nos voos da TAP
entre a Região e o Continente. A razão é óbvia: por fazerem deslocações frequentes e terem carga para
transportar. O Governo da República reverteu a operação de privatização da TAP com o objetivo de poderem
ter uma palavra a dizer na gestão. Ora, a TAP retirou, este mês, a possibilidade de os estudantes açorianos
poderem transportar mais 10 kg nas suas viagens.
O que é que a reversão feita pelo Governo do Partido Socialista vai permitir aos estudantes açorianos
recuperar, que até agora só perderam?
Aplausos do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado António
Ventura, do Grupo Parlamentar do PSD.
O Sr. António Ventura (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado João Azevedo Castro, gostaria, em primeiro
lugar, de apresentar os meus cumprimentos democráticos à vitória do PS nos Açores.
Em segundo lugar, queria lamentar que o Sr. Deputado João Azevedo Castro tivesse passado ao lado
daquele que é o maior problema dos Açores e que estas eleições vieram evidenciar: a abstenção.
A abstenção, de mais de 60%, se somarmos os que não votaram — os votos brancos e os votos nulos —
fragiliza a nossa autonomia, fragiliza o nosso processo autonómico, e este é um problema que todos os partidos
políticos com responsabilidade têm de reconhecer.
Aplausos do CDS-PP.
Os partidos têm de olhar para a participação dos açorianos nas eleições, para o motivo por que não
participaram nessas eleições. Esse deve ser um problema que nos envergonha e que precisa de atenção política
nos próximos quatro anos, porque algo não está bem com umas eleições em que mais de 60% das pessoas
não vão votar, em que as pessoas não se reveem no processo democrático, não se reveem nas eleições, não
se reveem nos partidos políticos, não se reveem nas propostas. Este é o principal problema da nossa autonomia.
Lamento que o Sr. Deputado tenha passado ao de leve sobre esta questão. Isso só significa que, para o PS,
o que interessa é ganhar a todo o custo, mesmo que, para isso, só vá votar uma pessoa! O que interessa é
ganhar a todo o custo!
Não, a nós interessa-nos a democracia! A nós interessa-nos a participação dos açorianos nas suas políticas.
É isso que nos interessa e deve interessar a qualquer político.
Depois de 40 anos de autonomia, interessa revisitar o processo de consolidação da identidade açoriana,
importa implementar uma maior participação dos açorianos, importa que exista um mecanismo para fortalecer,
nas nossas nove ilhas, a coesão territorial que é posta em causa, porque, sem coesão territorial do arquipélago,
a autonomia dos Açores não vinga.
Importa concretizar o adquirido autonómico. O Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos
Açores tem diversas normas que contemplam o reforço da transparência e a clarificação de competências, assim
como a maior participação dos cidadãos no processo de decisão.
Interessa, efetivamente, encontrar um novo rumo de políticas. Pergunto-lhe, por isso, Sr. Deputado João
Azevedo Castro, qual é o contributo do Partido Socialista — porque esta foi uma oportunidade perdida na