27 DE OUTUBRO DE 2016
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O ano de 2017 tem de ser o ano da reconstrução da política de transportes públicos. Para isso é, certamente,
preciso investir em novos veículos, mais eficientes e mais limpos, cuja concretização pode e deve ser garantida,
tanto quanto possível, pela indústria nacional.
É esse o desafio que temos pela frente.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Inscreveram-se quatro Srs. Deputados, do PCP, do PS, do CDS-PP e
do PSD, para pedirem esclarecimentos.
Em primeiro lugar, para o efeito, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado Heitor Sousa, diz o velho
ditado que «quem semeia ventos colhe tempestades». A situação que estamos hoje a enfrentar, e que o PCP
ainda irá abordar mais aprofundadamente nesta sessão plenária, é o direto resultado das opções políticas que
foram tomadas durante a governação PSD/CDS.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Ainda não viraram a página?!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Neste caso, o PSD e o CDS semearam estes «ventos» e os trabalhadores e os
utentes dos transportes públicos estão a enfrentar as «tempestades» que resultam todos os dias dessa política
de desastre e de destruição e desmantelamento do serviço público e dos transportes públicos nas áreas
metropolitanas e não só. E ainda nos lembramos bem, durante a anterior maioria PSD/CDS-PP, dos insultos e
do achincalhamento…
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Bem lembrado!
O Sr. Bruno Dias (PCP): —… que aqui foi feito nesta Sala, e não só, para com os trabalhadores dos
transportes e para com a luta dos trabalhadores contra a política de desastre que ainda hoje se está a fazer
sentir nas empresas e nos serviços das empresas de transportes de Lisboa e do Porto e de todo o País.
Ainda hoje nos lembramos das atoardas das barbearias da Carris e dos medicamentos de borla, ainda nos
lembramos das campanhas de mistificação e de mentira com que atiraram lama para a cara dos trabalhadores
do setor, para denegrir a sua luta e o seu profissionalismo.
Hoje, estamos a enfrentar a situação resultante de opções como a da bilhética e do sistema de bilhetes que
ainda noutro dia fez o PSD rebentar à gargalhada na Comissão Parlamentar de Economia.
Ainda nos lembramos das opções que foram tomadas em relação à manutenção de material circulante, que
ficou sem avançar com os resultados que isso já trouxe para o serviço e para a própria segurança do transporte
ferroviário.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Então, e agora?!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Temos uma situação que é preciso inverter, enquanto País, enquanto sociedade,
que é a situação de degradação, a que ainda hoje aludiremos, neste serviço público e nestas empresas. Mas
também queremos chamar a atenção para o próprio quadro legislativo que está hoje colocado neste setor para
o Estado e para as empresas, que coloca ameaças muito sérias não só para o presente mas também para o
futuro. Falo especificamente do regime jurídico do serviço público do transporte de passageiros, que é uma
autêntica bomba-relógio em relação à responsabilização que as autarquias teriam de assumir de uma forma
absolutamente injusta e insustentável, remetendo para o poder local a fatura de uma situação desastrosa que
os governos anteriores provocaram no nosso País. Por isso, o alerta que tem de ser deixado.
Sr. Deputado Heitor Sousa, gostava também de ouvir uma abordagem da sua parte a essa matéria.
Aplausos do PCP.