4 DE NOVEMBRO DE 2016
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Com o alargamento da base é possível fazer uma redução da taxa. Foi exatamente isso que fizemos. Alargar
a base e reduzir a taxa é uma política fiscal sensata, porque há uma noção de justiça fiscal que também deve
ser imposta nestas circunstâncias.
Aplausos do PS.
Recordo, aliás, que o imposto existente era mais uma litigância para o Estado do que propriamente uma
efetividade em termos de receita fiscal.
O Sr. Deputado Carlos Pereira fez-me uma pergunta sobre a Lei das Finanças Regionais na Madeira e a
resposta que lhe posso dar é que a Região Autónoma da Madeira tem tido algumas dificuldades no cumprimento
da Lei das Finanças Regionais, as quais têm sido acompanhadas pelo Governo. É uma matéria bastante
sensível e relevante para a execução orçamental na Região Autónoma da Madeira e para as transferências que
obviamente recebe do Orçamento do Estado e é uma matéria a que o Governo não deixará de prestar a maior
atenção. Mas há uma situação de incumprimento.
O Sr. Deputado Jorge Costa colocou-me a pergunta sobre como é que conseguimos lidar, só com sensatez
e equilíbrio, com a Comissão Europeia. Na verdade, posso acrescentar uma outra expressão a esses
ingredientes, no âmbito de um diálogo construtivo mas difícil, que é a da credibilidade.
A única coisa que não podemos perder hoje, porque recuperámos do que aconteceu no passado, é a
credibilidade e a credibilidade significa dizer em Portugal o mesmo que se diz em Bruxelas e defender em
Portugal e fazer publicar em Portugal as mesmas opiniões que defendemos em Bruxelas.
Por isso, este Relatório do Orçamento do Estado tem um exercício de análise, sobre o qual ainda não ouvi
falar aqui no Parlamento, em particular aos partidos da oposição, quanto ao seu verdadeiro posicionamento face
às dificuldades que, de facto, o Pacto de Estabilidade e Crescimento coloca a países que estão em recuperação
e numa situação de saída de crise. É uma dificuldade muito significativa, o Governo tem uma posição muito
determinada nessa matéria e terei de juntar às suas duas palavras a palavra «credibilidade» e ter confiança que
consigamos fazer progredir estas matérias no contexto europeu. É um debate difícil, provavelmente longo, mas
a que não podemos virar as costas.
O Sr. Deputado Nuno Magalhães fez-me uma pergunta sobre concursos de ideias. Concursos de ideias foi
o que existiu nos últimos cinco anos, mas todas as ideias que foram a concurso foram implementadas, porque
todos os aumentos de impostos de que ouvimos falar foram, de facto, implementados.
Ora, Sr. Deputado, o concurso de ideias, onde não sei se participou ou não, não deixou de ser isso, um
concurso de ideias, porque o que vale e aquilo que é importante é a proposta do Orçamento do Estado, é essa
que estamos aqui a analisar e à qual gostaria que nos cingíssemos, porque já temos material suficiente, com
muitas tabelas, como bem sabe, para podermos analisar esse concurso de ideias.
O Sr. Deputado também refere o valor da dívida e refere um valor como sendo o valor de novembro, mas,
permita-me corrigi-lo, Sr. Deputado, não é de novembro, é de setembro. E, como já referi numa resposta anterior,
em outubro, será paga uma obrigação do Tesouro, de um valor próximo dos 4000 milhões de euros, que vai
reduzir essa dívida pública vários pontos percentuais exatamente para o nível que está inscrito no Orçamento
do Estado.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Depois, entrega as tabelas!…
O Sr. Ministro das Finanças: — É evidente que as matérias do rendimento são muito importantes e também
o são por uma questão de dignidade — sabe, Sr. Deputado?
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Sei, Sr. Deputado. Não sei é se o senhor sabe!
O Sr. Ministro das Finanças: — E a dignidade ganha-se com o crescimento do emprego…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — É verdade!