4 DE NOVEMBRO DE 2016
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O Sr. Miguel Morgado (PSD): — Podia dar mais exemplos, mas vou terminar com a questão que tem estado
a mencionar sobre a população ativa — ainda por cima, um domínio da sua especialidade antes de ser Ministro
das Finanças. Ontem, o Sr. Ministro das Finanças disse aqui, neste Hemiciclo, que, desde 2011, não houve um
único mês de aumento da população ativa — e reiterou que não houve. Mas basta consultar a série mensal do
INE para percebermos que só foram 22 meses. O Sr. Ministro enganou-se 22 vezes! E isto numa área que é da
sua especialidade. Para quê? Para poder atenuar a estagnação económica que a sua estratégia provocou.
Depois vem aqui reclamar os «louros» da criação de 90 000 postos de trabalho no ano começado em
setembro de 2015 até setembro de 2016. Então, o Sr. Ministro, que passou todo este tempo a responsabilizar o
crescimento económico medíocre com a desaceleração do crescimento no final de 2015 e a desculpar-se com
tudo isso para o fracasso da sua estratégia, agora reclama para as suas políticas o crescimento do emprego?!
Aplausos do PSD.
Há pouco, o Sr. Ministro repreendeu a minha colega Deputada Assunção Cristas, dizendo que as regras da
macroeconomia não eram as dela, eram as de todos. Mas olhe que aqui, neste caso, parece que só valem para
si, não valem para mais ninguém. E isso não é aceitável.
Não vou dar mais detalhes — também não tenho mais tempo — para lhe explicar como é que termina a
história do Dr. Jekyll e do Sr. Hyde — é capaz de a conhecer —, posso só antever que acaba mal. Mas como
estamos em Portugal, aqui manda a regra de que «Camões com Camões se paga». Portanto, trouxe também
alguns versos para si, que acho que vão dar-lhe que pensar. Dizem o seguinte: «E sou já do que fui tão
diferente/Que, quando por meu nome alguém me chama,/Pasmo, quando conheço,/Que ainda comigo mesmo
me pareço».
Aplausos do PSD e de Deputados do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada
Lara Martinho.
A Sr.ª Lara Martinho (PS): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs.
Deputados, gostaria de começar por cumprimentar o Sr. Primeiro-Ministro e restantes Membros do Governo
pelo importante, justo e equilibrado Orçamento do Estado que apresentam nesta Assembleia.
Sr. Ministro das Finanças, depois da intervenção do Sr. Deputado Miguel Morgado, fica claro que o PSD
nada mais tem a dizer sobre o Orçamento.
Aplausos do PS.
Nesta minha intervenção, quero abordar o Orçamento do Estado e transmitir duas ideias. A primeira ideia é
a da consolidação e a segunda é a de aprofundamento. Consolidação porque, se com o Orçamento do Estado
para 2016 iniciámos uma nova etapa, uma etapa de mudança, de viragem da página da austeridade, com o
Orçamento do Estado para 2017, consolidamos essa etapa de mudança. Há uma mudança no País, há uma
mudança na opinião pública, há uma mudança até no papel desta Assembleia e há uma grande mudança
também na discussão à volta do Orçamento.
Aplausos do PS.
Ao contrário dos Orçamentos do Estado do anterior Governo, hoje deixámos de discutir cortes. Os cortes no
rendimento das famílias, os cortes nas pensões. Hoje discutimos, sim, aumentos, discutimos quanto é o aumento
do rendimento das famílias e quanto é o aumento das pensões. Continuamos a provar que é possível um outro
caminho, um caminho que respeita os compromissos europeus e os compromissos que assumimos para com
os portugueses. Esta é uma grande mudança, é uma importante mudança para as nossas famílias, para as
nossas empresas, para as regiões autónomas, para o nosso País.