I SÉRIE — NÚMERO 19
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recuperação de rendimentos sustentável, seja no setor público, seja no setor privado, sem crescimento
económico a sério. E é isso que este Orçamento está a pôr em causa!
Protestos do Deputado do PS João Galamba.
Este Orçamento está a comprometer o futuro em nome de um presente que, convenhamos, também não é
assim tão brilhante. Porque, Sr. Primeiro-Ministro, se o presente fosse assim tão brilhante, o senhor teria vindo
aqui explicá-lo, como é por demais evidente!
Aplausos do CDS-PP.
Portanto, ao invés disso, tivemos uma discussão orçamental em que o Sr. Ministro das Finanças, com a sua
habitual sapiência, nos fez a mercê e quase o favor de nos vir dar uma aula sobre o que é o Orçamento e o que
será a economia no próximo ano. Não deixa de ser extraordinário, Sr. Ministro, porque diz, exatamente com o
mesmo tom e com a mesma suficiência com que há pouco mais de um ano nos dizia que íamos crescer 2,4% e
que íamos viver num mundo de maravilhas, que afinal, agora, estes 2,4% já não são sequer 1,8%, são 1,2% de
crescimento e que, basicamente, em variáveis cruciais como, por exemplo, o investimento, até vamos diminuir.
O Sr. Ministro a isto e à inflexão de estratégia que isto tem, obrigatoriamente, de implicar, nada diz! É quase
como se dissesse à realidade: «A realidade ainda não compreendeu como as minhas teorias estão certas e
como os sábios do PS sabem, melhor do que a realidade, o que é que deve acontecer. Mas é uma questão de
lhes dar tempo, que a realidade há de lá chegar.…»
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Exatamente!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Portanto, em relação às exportações, o Sr. Ministro, basicamente,
apresenta-nos queixas: as coisas em Angola não correm como deviam, no Brasil também não estão a correr
bem, aqui não é bem como estávamos à espera… Enfim, não corre bem.
Quanto ao investimento, neste Orçamento, o assunto está muito longe de ser resolvido e é adiado, mais uma
vez. E não fujo à questão da recapitalização. Mas, Sr. Ministro das Finanças, mesmo aqui, acho que ficamos
muito aquém, porque o plano que apresentam está muito longe de ser um plano concreto — compreendo o
problema e considero que eram precisas soluções concretas — e, sobretudo no que toca ao tratamento fiscal
dos capitais próprios e do reinvestimento dos lucros, ele tem muitos defeitos e penalizará, precisamente, as
empresas mais endividadas. Mesmo empresas que tenham condições para sobreviver e para preservar postos
de trabalho serão prejudicadas, e o plano funcionará ao contrário.
Sr. Ministro, não resisto também a citar, com toda a consideração, o Deputado Ferro Rodrigues, agora
Presidente desta Casa, na discussão do Orçamento para 2015: «Traz-nos aqui…» — trazia, então, o anterior
Governo — «… uma perspetiva de investimento de 2%.»
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — 2%!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — «Isto é um desastre económico e um desastre para o modelo de
crescimento português.»
Gostaria de saber o que dirá agora o PS a um investimento de -0,7%.
Aplausos do CDS-PP.
Por último, quanto ao que precisam as empresas — porque são precisas medidas concretas para as
empresas —, vou citar aquela que tem sido uma das grandes apoiantes deste Orçamento, a Deputada Mariana
Mortágua, do Bloco de Esquerda. Dizia ela, também na discussão do mesmo Orçamento para 2015: «Aquilo
que as pequenas empresas nos pedem quando vêm ao Parlamento…» — o que lhe pediam, então — «… é que
se baixe o IVA da restauração,…» — aquele que ficou pela metade — «… que se baixem os impostos diretos,…»
— aqueles que, com o seu voto, subiram — «… que se desça o IVA sobre a eletricidade…» — aquele que, com