I SÉRIE — NÚMERO 19
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O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Srs. Deputados, durante a intervenção do Sr. Deputado Luís
Montenegro, a Mesa foi questionada várias vezes sobre os tempos, daí que seja necessário proceder a uma
clarificação.
Os descontos que estão a ser feitos justificam-se porque o Governo, o PSD e o PS têm direito a antecipar
30% do tempo previsto para a sessão de amanhã, que é igual ao tempo total da sessão de hoje. Isto significa
que, neste caso, o Partido Social Democrata pode antecipar cerca de 16 minutos do tempo que lhe está atribuído
para a sessão de amanhã.
Tendo gasto quase 11 minutos, e tendo a Mesa registado três inscrições para pedidos de esclarecimento ao
Sr. Deputado Luís Montenegro, presumo que a única forma de se manter dentro desse limite é responder em
conjunto às questões que lhe forem colocadas. É assim, Sr. Deputado?
O Sr. Secretário de Estados dos Assuntos Parlamentares: — É melhor, é!
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — É pior para vós!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Sim, responderei em conjunto, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado João
Galamba.
Vozes do PSD e do CDS-PP: — Oh!
O Sr. João Galamba (PS): — Sr. Presidente, queria cumprimentar o Sr. Primeiro-Ministro e demais membros
do Governo e o Sr. Deputado Luís Montenegro pela intervenção que acabou de fazer.
Acho que o Sr. Deputado não fez mesmo nenhuma afirmação verdadeira, mas, não tendo nada para dizer
que fosse remotamente relacionado com o Orçamento que estamos aqui a debater — compreendo e tenho de
dizer que tem algum jeito para isso —, decidiu fazer uma sessão de stand-up. Não esteve mal, foi algo lúdico,
mas não é suposto num debate de Orçamento dedicarmos cerca de 10 minutos a piadas, graçolas e dichotes.
Aplausos do PS.
É suposto debater o Orçamento do Estado, Sr. Deputado.
Protestos do PSD.
O senhor já é Deputado há muito tempo e é líder parlamentar, pelo que pensei que soubesse isso, mas não
dá para olhar para a sua intervenção e não a ver como um momento lúdico.
O Sr. Filipe Neto Brandão (PS): — É uma chalaça!
O Sr. João Galamba (PS): — O Sr. Deputado começou, com grande pena minha, por abandonar uma frase
que disse há pouco tempo, e agora não disse que o País estava pior mas que as pessoas ainda não tinham
consciência disso. Tenho pena que tenha abandonado essa versão.
Não quero entrar na área do marxismo clássico, mas o PCP e o Bloco de Esquerda poderão, certamente,
explicar ao Sr. Deputado Luís Montenegro o que é a falsa consciência.
Sabemos que o PSD já tinha abandonado a social-democracia, senão os senhores não diriam o que dizem
de sindicatos…
O Sr. Pedro Alves (PSD): — Tenha vergonha!