7 DE DEZEMBRO DE 2016
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O Sr. MiguelTiago (PCP): — E não nos lembramos de o CDS fazer qualquer espécie de reclamação, nem
sequer de invocar linhas vermelhas nessa altura — se bem que as linhas vermelhas para o CDS também não
tenham um valor muito grande.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Não sabe do que está a falar!
O Sr. MiguelTiago (PCP): — Srs. Deputados, a verdade, que vale mais do que as palavras do CDS, que
também não valem grande coisa,…
Protestos do CDS-PP.
… é aquilo que fizeram e a forma que utilizaram para capitalizar a Caixa. Se olharmos para o passado, para
2012, verificamos que PSD e CDS, a pretexto de uma capitalização, fizeram tudo para fragilizar a Caixa e, ao
invés de injetarem capital, emprestaram dinheiro cobrando juros altíssimos, que prejudicaram a Caixa e que
pesam hoje na Caixa. De facto, cobraram mais de 80 milhões de euros de juros à Caixa para injetar capital
através de capital contingente, os chamados «CoCo». Essa opção, correspondente, ao mesmo tempo, à
apresentação de um plano de reestruturação, do qual não consta que o CDS se tenha demarcado e que não foi
cumprido, é a base e a origem dos problemas que a Caixa hoje atravessa. PSD e CDS, na altura, tinham a
obrigação de capitalizar a Caixa. Apresentaram um plano de reestruturação e não o cumpriram. E o capital que
injetaram foi sob a forma de empréstimo que, ainda hoje, pesa nas contas da Caixa.
Sobre isso, Srs. Deputados, a realidade demonstra bem que a opção do vosso Governo não era fortalecer a
Caixa. Bem pelo contrário, era criar todas as condições, até através da capitalização — aliás, através de capital
isolado e facilmente isolável para ser alienado —, para privatizar a Caixa.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr. Deputado, esgotou o seu tempo. Agradecia que terminasse.
O Sr. MiguelTiago (PCP): — Essa realidade é iniludível.
Aproveito apenas para relembrar que esta Assembleia terá certamente outras oportunidades para limitar os
salários dos gestores públicos — e não só os da Caixa, mas de todos os gestores públicos — e, nessa altura,
contamos que estes rasgos de preocupação com a transparência e com a disciplina das contas públicas que o
PSD já manifesta venham a manifestar-se com mais intensidade.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem, agora, a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada
Mariana Mortágua.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr. Presidente, quanto aos salários dos gestores públicos, penso que ficou
muito claro qual é a verdadeira intenção do PSD: não é a de limitar salários, é a de aproveitar casos para, como
consequência, colocar problemas à recapitalização da Caixa.
Quanto ao projeto da transparência, Srs. Deputados, parece-me que o projeto tem dois problemas de maior.
Em primeiro lugar, um problema de oportunidade, porque o PSD com este projeto de lei vem dizer que há
problemas de transparência na Caixa, mas, hoje, à imprensa, o PSD, ao comentar o relatório do Tribunal de
Contas, disse que não havia problemas de transparência na Caixa. Portanto, ficamos sem perceber se há ou
não problemas de transparência na Caixa, ou se só há problemas de transparência quando o PSD sai do
Governo e quando está no Governo não há problemas de transparência. Mas esse é um conflito que
resolveremos mais à frente.
O segundo problema deste projeto de lei é que ele está mal feito. De facto, é um mau projeto. O PSD está a
colocar à votação um artigo que foi, na íntegra, aprovado há uma semana, nesta Casa, no âmbito do Orçamento
do Estado.
O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): — Não! Há um ano! Não sabe disso?!