I SÉRIE — NÚMERO 27
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O Sr. Presidente: — Para formular perguntas, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Passos Coelho, do Grupo
Parlamentar do PSD.
O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Deputados, permitam-me
que comece por cumprimentar o Secretário-Geral do Partido Comunista Português, Sr. Deputado Jerónimo de
Sousa, pela sua reeleição neste último Congresso do Partido Comunista Português e, evidentemente, desejar-
lhe as maiores felicidades no exercício das suas funções.
Sr. Primeiro-Ministro, o Governo escolheu hoje a descentralização para, de certa maneira, assinalar os 40
anos do poder local democrático em Portugal. Julgo que é importante que o Governo dedique a isso atenção
relevante e que, como afirmou aqui, não se perca a oportunidade de, no próximo ciclo autárquico, uma reforma
do Estado possa ser empreendida a partir justamente de um processo de descentralização de novas
competências e atribuições para os municípios, para as comunidades intermunicipais, para as suas formas de
organização territorial, incluindo as Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto. Tenho pena que tenha perdido
a oportunidade de, no próprio Orçamento do Estado, viabilizar algumas das propostas que justamente o PSD
fez com o mesmo propósito. Foram várias e sintomático foi que nenhuma tivesse merecido nem reflexão, nem
discussão, nem qualquer voto de viabilização da maioria que apoia o Governo. Portanto, foram chumbadas
liminarmente.
O Sr. Primeiro-Ministro veio agora dizer: «Bem, mas isso é porque o Orçamento do Estado talvez não fosse
o local apropriado para fazermos essa discussão». Permita-me que discorde. O Orçamento do Estado é uma
belíssima ocasião para podermos discutir a forma como o Estado organiza os seus meios para as finalidades
que deve empreender. Portanto, uma boa sinalização que o Governo poderia ter feito era esse compromisso
de, depois, durante o ano de 2017, poder desenvolver o debate necessário para aprofundar essas reformas que
deveriam entrar em vigor, como nós propúnhamos, em 1 de janeiro de 2018 — presumo que não fosse esta
data que perturbasse o Governo ou a maioria nas propostas que fizemos.
Foi uma oportunidade perdida, mas nós não somos de amuar…
Risos do PS.
… e, portanto, aceitamos democraticamente que o Parlamento decida chumbar liminarmente as nossas
propostas para, depois, pegar em várias delas e as apresentar como suas para serem discutidas no Parlamento
no ano seguinte. Mas cá estaremos para as discutir.
Aplausos do PSD.
Espero que sim, que não se perca realmente uma oportunidade de ouro para que a nova geração de autarcas
que temos em Portugal possa lutar por um novo ciclo de desenvolvimento dos seus territórios, das suas terras,
de atratividade de investimento, de qualificação dos nossos recursos e de prestação de serviço público em áreas
sociais relevantes que não se compreende como ainda estão na órbita da administração central, pois podem
ser bem exercidas ao nível do poder local.
Como sabe, quando estive no Governo, iniciei vários projetos inovadores área, e estamos muito interessados
em que eles se possam desenvolver e até aprofundar.
Mas, Sr. Primeiro-Ministro, não posso perder a ocasião, neste primeiro debate depois do Orçamento, de lhe
perguntar se, relativamente a uma questão, em que, julgo, estamos de acordo, tão importante para a economia
portuguesa, para o crescimento, das nossas expectativas positivas sobre o emprego e a economia como é o
sistema financeiro, o Governo já tem uma explicação para dar ao Parlamento sobre o que se passou na Caixa
Geral de Depósitos.
Todos os dias vamos lendo, através da comunicação social, e ouvindo versões sobre o que se passou, mas
ainda não vi, nem ouvi, nem da sua parte, nem da parte do Sr. Ministro das Finanças, nem da parte do
demissionário Presidente da Caixa Geral de Depósitos, uma simples explicação para aquilo que se passou.
Não sabemos, até hoje, por que é que o Presidente da Caixa se demitiu — não foi dada uma explicação ao
Parlamento. Não foi possível obter nenhuma evidência sobre quais são as intenções efetivas no que respeita