I SÉRIE — NÚMERO 27
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Agora, convém não confundir o que é acessório do que é essencial. E o que é essencial? O que é essencial
é que garantimos aquilo que era essencial garantir: o Estado tem luz verde de Bruxelas para poder proceder ao
processo de capitalização 100% público.
O que é que está a decorrer? Está a decorrer aquilo que foi o acordo firmado com a Direção-Geral da
Concorrência, isto é, fazer uma reavaliação das imparidades de forma a fixar os quadros efetivos de necessidade
de capital, que está concluído. No entanto, como, a partir do momento em que formalize o reconhecimento das
imparidades, começa a correr o prazo para iniciar o processo de capitalização, a administração ainda em funções
entendeu, ao demitir-se, que não o devia aprovar e, responsavelmente, deixar para a nova administração a
responsabilidade de apreciar, tomar a fixação das imparidades e fixar a necessidade de capitalização do banco.
É isso que está em curso, e isso garante uma transição tranquila, responsável, serena e que permitirá ao Estado
cumprir as suas obrigações.
Em segundo lugar, o que é que prevê o plano de capitalização? Prevê que, em função das necessidades de
capital, essas necessidades sejam satisfeitas de diferentes formas: conversão dos CoCo; a transferência das
ações que a Caixa Geral de Depósitos tem na Parcaixa para a Caixa Geral de Depósitos, assim diminuindo as
necessidades de reforço de capital; um investimento por parte do Estado, sendo que, para assegurar que as
condições por parte do Estado não constituem ajuda de Estado, há um limite máximo que está autorizado pela
Comissão Europeia, mas o montante não pode ser superior às necessidades apuradas nas imparidades e para
se verificar que isso é feito em condições de mercado, a Caixa Geral de Depósitos terá de lançar uma operação
de obrigações não convertíveis em capital de forma a testar que o investimento que o Estado fará é um
investimento compatível com as regras do mercado. É isto que está aprovado e é isto que é essencial.
O que é importante é seguir o bom conselho que hoje o Sr. Presidente da República deu a todos nós: não
transformar a Caixa Geral de Depósitos em motivo de batalha política e transformá-la naquilo que deve ser, ou
seja, num banco de confiança para todos os portugueses. É nisso e só nisso que eu e o meu Governo estamos
concentrados em assegurar.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Passos Coelho.
O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, percebo que esteja muito
apostado em poder gerar confiança em torno da Caixa Geral de Depósitos, mas a administração que o senhor
nomeou demitiu-se e nós ainda não conseguimos perceber porquê.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Diga porquê, Sr. Primeiro-Ministro!
O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — Fiz essa pergunta e admitia que o Sr. Primeiro-Ministro pudesse
responder. Dado que tenho pouco tempo, vou passar-lhe a palavra para que o senhor nos possa dizer o que é
que se passou, por que é que a administração se demitiu, para não fazermos especulações jornalísticas. O País
não pode fazer especulações jornalísticas sobre questões magnas e importantes como esta. Tem de ser o
Governo, serenamente, a informar o País, os portugueses e a Câmara sobre o que se passou. Enquanto isso
não acontecer, não há confiança, Sr. Primeiro-Ministro. E o senhor sabe disso.
Para gerar confiança é preciso dar transparência à explicação, nós aguardamo-la.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Pedro Passos Coelho, julguei que quisesse falar
sobre a substância e não sobre os incidentes.
Vozes do PSD: — Ah!