I SÉRIE — NÚMERO 39
24
Aplausos do PCP.
Protestos do PSD.
Mas enfim, o problema não está no Sr. Deputado Passos Coelho, nem no PSD, nem na trapalhada em que
se meteu.
O Sr. Miguel Santos (PSD): — Ó Sr. Deputado, então?!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — O problema está no Governo, que decidiu a redução da taxa social
única…
Vozes do PSD: — Ah…! A sério?!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Repito: o problema está no Governo, que decidiu a redução da taxa
social única, em prejuízo do orçamento da segurança social e do Orçamento do Estado.
Sr. Primeiro-Ministro, consideramos que a questão da valorização dos salários não pode ser atrelada à
questão da taxa social única. Pensamos que é um erro, pensamos que acaba por desvalorizar os avanços
alcançados mesmo em relação ao salário mínimo nacional.
Por isso mesmo, esta é uma posição coerente de uma só cara, de uma só palavra, tanto em 2014, como em
2016…
Protestos do PSD.
O Sr. NunoMagalhães (CDS-PP): — Vai daí e apresentam uma moção de censura!
O Sr. JerónimodeSousa (PCP): — Os senhores, em 2016, não apresentaram proposta nenhuma, por isso
não estejam com essa conversa. A história regista isso.
O Sr. João Oliveira (PCP): — É um facto!
O Sr. JerónimodeSousa (PCP): — Como estava a dizer, tanto em 2014, como em 2016 e em 2017
considerámos a importância que tem a revogação desta medida, desta benesse que é dada.
Por último, há uma questão que é importante clarificar. É o Governo que decide ouvindo a concertação social,
mas até parece que é a concertação social que decide ouvido o Governo. Estamos em profundo desacordo: é
o Governo que decide e a Assembleia da República cá está para exercer os seus poderes legislativos.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para responder, o Sr. Primeiro-Ministro, António Costa.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, não descansamos em relação
aos avanços conseguidos em 2016: não descansamos com a redução do défice, não descansamos com a
inversão da trajetória do crescimento, não descansamos com a redução da taxa de desemprego, não
descansamos com a reposição de vencimentos que foi conseguida, não descansamos com o apoio ao
investimento que foi conseguido, não descansamos com as medidas de combate à pobreza que já foram
alcançadas. Não descansamos e vamos continuar.
A trajetória que tanto discutimos no Programa do Governo foi no sentido do aumento progressivo do salário
mínimo nacional, porque achamos que é essencial que ele suba, não só de acordo com a inflação e de acordo
com a produtividade, e que seja um instrumento para a redução das desigualdades.