18 DE JANEIRO DE 2017
23
O Sr. Marco António Costa (PSD): — … gostava que a Mesa solicitasse ao Governo informação acerca do
acordo de cooperação celebrado com o setor social para o ano de 2017, no sentido de saber se foi realizado,
uma vez que já estamos a meio de janeiro, qual é o aumento que está previsto…
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Isto não é uma interpelação à Mesa, é uma intervenção!
O Sr. Marco António Costa (PSD): — … e, já agora, se compensa estes custos que estavam em causa.
Aplausos do PSD.
Protestos do PCP e de Deputados do PS.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, não fez uma interpelação à Mesa, fez uma pergunta ao Sr. Primeiro-
Ministro, para o que podia ter utilizado o tempo de que dispõe o Grupo Parlamentar do PSD para o debate.
Tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, do Grupo Parlamentar do PCP.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, falou da tribuna sobre os avanços
e as medidas positivas que estão em curso na abertura deste novo ano.
Mas creio que, valorizando os avanços e o que há de positivo, não deveríamos descansar em relação a
problemas que subsistem no nosso País, no plano económico e no plano social.
Começo pela questão dos baixos salários. Os baixos salários e, em particular, o baixo salário mínimo nacional
são fonte de injustiça social e de pobreza, resultam em baixas pensões e reformas e no entrave ao crescimento
económico do nosso País. Uma experiência dolorosa do mandato do Governo anterior demonstra claramente
este facto.
Registamos os avanços verificados no Orçamento do Estado para 2016 e para 2017 em torno do salário
mínimo nacional, mas o PCP não abdica de lutar pela valorização dos salários e pela concretização dos 600 €
como salário mínimo nacional.
Há quem recorra ao argumento da impossibilidade, mas está colocada uma opção, a opção entre os que
lutam por uma repartição da riqueza mais justa, valorizando os rendimentos do trabalho, e os que defendem o
lucro intocável do capital.
É neste quadro que deve ser considerada a decisão do Governo em relação à redução da taxa social única.
Estamos contra, como estivemos no passado, que o aumento do salário mínimo nacional seja moeda de troca
para o privilégio e a benesse das empresas, designadamente com a redução do valor da taxa social única, a ser
suportada seja pelo orçamento da segurança social, seja pelo Orçamento do Estado, com o efeito perverso já
aqui referido de alimentar e generalizar o recurso a trabalhadores que recebam o salário mínimo nacional.
Não venham com o argumento das pequenas e médias empresas, porque os seus problemas residem no
custo dos fatores de produção, no acesso ao crédito, na política fiscal. Esta redução da TSU serve as grandes
e não as pequenas empresas.
Por isso, Sr. Primeiro-Ministro, gostaria de dizer que já entregámos à Mesa o pedido de apreciação
parlamentar para eliminar o bónus da redução da taxa social única.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
A propósito das declarações do Presidente do PSD, devo dizer que o Sr. Deputado Pedro Passos Coelho e
o PSD estão prisioneiros da mistificação que criaram em torno da solução política encontrada, nunca assumindo
estarem perante um Governo minoritário do PS, não sabendo ou não querendo saber ler a posição conjunta do
PS e do PCP, o grau de convergência, o nível de compromissos e os limites que ela comporta.
Protestos dos Deputados do PSD Miguel Santos e Teresa Morais.
Não existe nenhuma contradição nem pirueta que justifique estas posições do PSD. De qualquer forma,
«quem tem calos não se mete em apertos», o PSD que se desengome da situação que criou.