19 DE JANEIRO DE 2017
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É que essa ideia peregrina de que trabalhar mais tempo corresponde a produzir mais é uma ideia perigosa
e errada.
Por isso, temos muita estranheza, Sr. Deputado, relativamente à proposta que aqui nos trazem. Estranheza,
em primeiro lugar, pela forma, porque o Sr. Deputado podia ter escolhido outra forma que não a de um projeto
de resolução. Como é que os Srs. Deputados querem que esta Câmara aprove uma recomendação ao Governo,
quando o senhor aqui referiu, e muito bem, que foi o Governo, através do Ministro do Trabalho, que deu o
pontapé de saída na discussão desta matéria?! Como é que os senhores querem que se recomende ao Governo,
se é o Governo que está na liderança da discussão deste tema?!
Mas estranheza também pela questão substantiva, Sr. Deputado. É que não sei qual foi a diferença
substancial na orgânica do PSD entre 2012 e 2016 que permitiu também provocar uma mudança substancial no
seu pensamento político. É que, em 2012, o PSD não só não defendia a eliminação das pontes como, no acordo
de concertação social que promoveu e assinou, dizia e favorecia precisamente a existência dessas pontes,
concedendo aos empregadores a possibilidade de encerrar a empresa e tendo, nesse caso, os trabalhadores a
obrigação de gozar um dia de férias.
Portanto, Sr. Deputado, é preciso perceber o que é que mudou entre 2012 e 2016,…
A Sr.ª Maria das Mercês Soares (PSD): — Mudou mesmo muito!
O Sr. Luís Soares (PS): — … ou perceber se é só o Sr. Deputado que defende a eliminação das pontes.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Peço-lhe que conclua, Sr. Deputado.
O Sr. Luís Soares (PS): — Vou concluir, Sr. Presidente.
Nós percebemos muito bem a estratégia do PSD. A estratégia do PSD é a estratégia de alguém que
abandonou a sua identidade, abandonou os interesses dos eleitores e apenas quer causar conflitualidade na
concertação social.
Mas quero dizer-lhe, Sr. Deputado, que, com isso, o Partido Socialista pode bem.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — No tempo de que ainda dispõe, tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato,
do PCP.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Depois de ouvir esta intervenção do PS, fica claro
que o PS não vai acompanhar a iniciativa de Os Verdes. E o que temos a dizer é que lamentamos que se
desperdice uma oportunidade para reconquistar um feriado obrigatório nacional, porque entendemos que seria
importante reconhecer como feriado obrigatório, que não o é ainda, a Terça-Feira de Carnaval.
Portanto, da parte do PCP, continuaremos a lutar por isso, porque entendemos que os tempos de lazer são
um direito fundamental dos trabalhadores. E era importante que, se, de facto, o PSD e o CDS estão tão
incomodados com esta intervenção do PS, pudessem dar um sinal reconhecendo a importância de consagrar a
Terça-Feira de Carnaval como feriado obrigatório. Mas isso não farão, e nós sabemos porquê. Porque não estão
do lado dos trabalhadores, nem dos direitos ao lazer e ao descanso.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Roque, do
PSD.
O Sr. Pedro Roque (PSD): — Sr. Presidente, parece que nem o Bloco de Esquerda nem o PCP leram o
nosso projeto de resolução. É que aqui não se trata das pontes mas, sim, de os feriados calharem no meio da
semana. E já que falamos em trabalhadores, em nome do interesse dos trabalhadores, há todo o interesse em