I SÉRIE — NÚMERO 43
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Quanto às iniciativas hoje em discussão, estamos de acordo que se melhore o regime jurídico de dispensa
dos trabalhadores da Administração Pública.
Contudo, entendemos que a dispensa não se deve limitar à fase crítica de incêndios florestais. O projeto do
PAN alarga, e bem, aquilo que é o período em que se pode recorrer à dispensa, dando assim um maior campo
de possibilidades para as cooperações de bombeiros, que saudamos.
Por outro lado, também entendemos que os problemas de dispensa não se limitam aos trabalhadores da
Administração Pública. Os trabalhadores do setor privado vivem, efetivamente, situações dramáticas de
perseguições, de pressões, para que não exerçam o direito de dispensa…
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — … e julgo que o processo legislativo também deve refletir sobre essa mesma
realidade.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Muito bem!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Estamos, assim, de acordo em que se melhore o regime jurídico de dispensa
e com a necessidade a composição do Conselho Nacional de Bombeiros, alargando-o à Associação Portuguesa
dos Bombeiros Voluntários, como é de inteira justiça e é proposto.
Nesse sentido, o Grupo Parlamentar do PCP anuncia o seu voto favorável às iniciativas legislativas
apresentadas.
Aplausos do PCP.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Muito bem!
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Srs. Deputados, a Mesa não regista mais pedidos de palavra, pelo que
considera encerrado o debate dos projetos de lei n.os 305, 373, 376, 377 e 379/XIII (2.ª).
Passamos ao segundo ponto da ordem de trabalhos, que consiste na discussão do projeto de resolução n.º
472/XIII (2.ª) — Recomenda ao Governo a criação de um selo de garantia para empresas com práticas
responsáveis de contratação e inserção na vida ativa de jovens (PS).
Para apresentar a iniciativa, tem a palavra o Sr. Deputado Ivan Gonçalves.
O Sr. Ivan Gonçalves (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A precariedade e os baixos salários
marcam hoje, infelizmente, a vida e as relações laborais dos portugueses mais jovens, daqueles que nos
habituámos a caracterizar como a geração mais qualificada de sempre do nosso País.
A narrativa construída ao longo dos últimos anos, nomeadamente por parte da direita ideológica, que tem no
CDS e no PSD os seus dignos representantes nesta Assembleia, diz-nos, erradamente, que é preciso flexibilizar
o mercado de trabalho para criar mais empregos e para que esses empregos sejam mais bem remunerados.
Ora, é verdade que todos queremos que a economia portuguesa seja competitiva e é também verdade que
entendemos que a iniciativa privada deve ser promovida e que ela ajuda a criar riqueza e a dinamizar a
economia. Mas aquilo que não aceitamos, Srs. Deputados, é que essa competitividade e essa flexibilização se
traduzam, invariavelmente, como se têm traduzido, em mais precariedade, que não traz nem melhores salários
nem mais postos de trabalho. E esta dimensão fica evidente se tivermos em linha de conta que, segundo dados
do INE, os jovens com menos de 25 anos, em 2014, auferiam, em média, um salário líquido de 587€ mensais
ou que, entre 2009 e 2014, a quebra de rendimentos das famílias mais jovens atingiu, em média, os 29%, quando
a média nacional dessa quebra de rendimentos foi de 12%.
Mas essa visão errada daqueles que pretendem liberalizar ainda mais as relações laborais era também a do
anterior Governo e traduziu-se, por exemplo, numa total falta de critério na implementação das políticas ativas
de emprego.
Falta de critério porque, cedendo a uma pressão puramente eleitoralista, quase esgotaram os fundos
disponibilizados para as medidas ativas de emprego até 2020, triplicando os gastos, em 2014 e 2015, à custa